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Até o ano passado, Jéssica dividia o tempo entre os treinos e a profissão de tratorista | Divulgalção / UFC
Até o ano passado, Jéssica dividia o tempo entre os treinos e a profissão de tratorista| Foto: Divulgalção / UFC

Golpe da estreia apelidou atleta

Jéssica Andrade recebeu o apelido de Bate-estaca em 2011, na primeira luta de jiu-jitsu em Goioerê, no Noroeste do Paraná.

Ela conta que, na ocasião, desesperou-se diante da força da adversária e a golpeou de forma inesperada: jogou a oponente com as costas no chão e, em seguida, projetou todo o seu peso sobre ela.

A sequência é conhecida como bate-estaca, nas artes marciais mistas. "Como o golpe não era permitido na categoria [só é permitido no UFC], fui punida. Mas me tornei conhecida por causa desse golpe."

A primeira atleta a representar o Brasil no Ultimate Fighting Championship (UFC), a umuaramense Jéssica Andrade, conhecida como Bate-estaca, quer disputar o cinturão do campeonato em um ano. Foi o que ela confessou, por telefone, à Gazeta Maringá, nesta quarta-feira (14).

Para tanto, há um caminho, talvez longo, pela frente. Ela estreou em 27 de julho deste ano, em Seattle, nos Estados Unidos, contra a americana Liz Carmouche, apenas dois anos depois de pisar pela primeira vez em um tatame. E perdeu. Agora, negocia uma luta para outubro.

Jéssica não é a primeira brasileira a ser contratada pelo UFC. Este título cabe à carioca Amanda Nunes. No entanto, a umuaramense foi a primeira a aceitar uma proposta de luta da organização americana. "Acho que a Amanda prezou em estrear aqui no Brasil. Ela esperou o UFC do Rio de Janeiro, que ocorreu no início deste mês. "Não ligo pra isso, só quero lutar."

Apesar da derrota na estreia, a novata de 21 anos diz acreditar que a experiência foi importante e ainda se mostra surpresa com a rápida ascensão da carreira. A atleta teve o primeiro contato com uma arte marcial no final de 2010, em um projeto social da escola municipal na qual estudava.

"Quando o projeto começou, já estava terminando o terceiro ano [do Ensino Médio], então não poderia continuar participando. Mas gostei da experiência e fui atrás de uma academia para treinar", lembra Jéssica.

Os treinos começaram efetivamente em fevereiro de 2011. Sete meses depois, ela participou do primeiro campeonato regional de jiu-jitsu e venceu a então bicampeã da categoria. "Foi ali que o mestre Paraná [atual treinador de Jéssica] prestou atenção em mim e me procurou. Depois de fecharmos a parceria, comecei a treinar para competir no MMA [Mixed Martial Arts]."

Até o ano passado, Jéssica dividia o tempo de treino com a profissão de tratorista na área rural de Umuarama. Ela conta que acordava às 5 horas para ajudar o pai na colheita de cana-de-açúcar e que só voltava para casa às 20 horas para então seguir para o treino.

"Além de dirigir, era responsável por trocar os pneus do trator. Cada um tinha 60 quilos. Se alguma coisa enguiçava em qualquer equipamento, meu pai também me chamava porque sou mais forte que meu irmão."

Próxima luta no UFC

A próxima luta pelo UFC está em negociação. Segundo Jéssica, o combate deve ocorrer em 6 de outubro, na Inglaterra, contra a americana Anne Sexton. "O UFC ofereceu a luta e aceitei. Não vou recusar ninguém."

Além de treinar o jiu-jitsu inicial, Jéssica faz muay thai, judô, luta greco romana e kicking boxing. "Acho que vale tudo para estar preparada."

Reconhecimento

Jéssica conta que já é reconhecida nas ruas de Umuarama. "Depois que apareci na TV, as pessoas me param para tirar foto e para me incentivar."

Ela diz acreditar que o compromisso em ser um exemplo para as crianças é o que mais a motiva. "Quando ouço uma criança dizendo que quer ser igual a mim, penso que preciso me focar e fazer tudo certinho."

Interatividade

Você acha que Jéssica Bate-estaca tem chances de se tornar um grande nome do UFC no Brasil? Deixe seu comentário no espaço abaixo.

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