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O campeão brasileiro Jihad Kohdr terá de planejar bem sua próxima viagem ao Havaí, onde buscará a tão sonhada vaga para o Circuito Mundial, o WCT. A conexão em algum aeroporto americano não pode ser corrida. Do contrário, ele deve perder o vôo seguinte. Motivo? Deportado no ano passado por estar com o visto incorreto – o de turista, e não o de trabalho -, o surfista muçulmano já percebeu que, pelo menos nas próximas idas aos Estados Unidos, será interrogado pela polícia. Foi assim nas últimas duas vezes em que esteve lá para competir.

Nesta semana, Jihad está no Rio de Janeiro, onde poderá conquistar o bicampeonaro do SuperSurf.

O incidente do ano passado fez o paranaense de Matinhos lamentar o nome que recebeu do pai, o senhor Kohdr. Em 2002, ele teve problema similar na Califórnia. Foi interrogado e, após algumas horas, liberado para retirar o visto de trabalho lá mesmo. Na segunda, o castigo foi a extradição.

- A esperança é que, daqui a um ou dois anos, a polícia o libere ao ver que ele foi deportado, mas que já entrou outras vezes nos Estados Unidos – conta o treinador do surfista, Rodrigo Tusca.

Filho de um ex-vendedor de maçãs, Jihad faz questão de se manter neutro em assuntos políticos e prega a paz entra as religiões. No mês passado, porém, causou polêmica ao usar uma prancha com um desenho do terrorista Osama Bin Laden. Pura brincadeira, segundo ele, já que seu apelido entre os amigos é Osama.

Jihad corre até o risco de perder o patrocinador por conta da brincadeira. Mas ele tem a consciência tranqüila. Ao contrário de Kelly Slater, que já usou a prancha para protestar contra a Guerra do Iraque, o brasileiro não tem motivações políticas. Mas sabe que, se for ao WCT, terá de aposentar a prancha e tomar cuidado com suas atitudes.

O "Osama" do surfe segue as tradições muçulmanas. Mas, vira e mexe, agrega outras religiões ao seu dia a dia. Certa vez, Jihad ganhou de uma amiga um crucifixo. Usou até que um de seus irmãos o advertiu: "muçulmanos não usam símbolos do cristianismo".

- Isso é o Jihad – conta Tusca, lembrando que, se o surfista entrar no WCT, terá de aposentar a prancha.

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