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“Curitiba tem que ter esse ginásio. É para grandes eventos esportivos, para entretenimento, é uma necessidade da cidade. É a nossa grande luta” | Ivonaldo alexandre/Gazeta do Povo
“Curitiba tem que ter esse ginásio. É para grandes eventos esportivos, para entretenimento, é uma necessidade da cidade. É a nossa grande luta”| Foto: Ivonaldo alexandre/Gazeta do Povo

Empresário e técnico acostumado ao mundo milionário da luta profissional, o novo secretário municipal de esportes de Curitiba não tem planos para o alto rendimento e foca o trabalho nas políticas públicas esportivas. Com orçamento enxuto, o substituto de Neivo Beraldin vai economizar nas contas de água, luz e telefone para não comprometer os projetos em andamento. Rudimar Fedrigo ignora o racha entre o prefeito Beto Richa e o governador Roberto Requião e estreita relações com a versão estadual da secretaria de esportes. Aos 45 anos, ele conta os planos e as dificuldades da nova função.

O que a secretaria ganha e perde trocando um secretário político por um com conhecimento técnico?

Tudo que eu consegui, meus bens materiais, meus amigos, o mundo que conheci viajando foi tudo através do esporte. Eu vivo o esporte. Por tudo isso consigo ver as dificuldades e é onde talvez possa ajudar como secretário. Fiquei um ano e meio como superintendente, o que ajudou a me preparar.

O que fazer para atender a exigência do prefeito de reduzir custos sem prejudicar os projetos em andamento ou inibir o surgimento de novos programas?

É o grande desafio pois nossa secretaria tem um orçamento reduzido, não chega a 1% do orçamento municipal. O valor é em torno de R$ 17 milhões. Vamos precisar de parceiros. Temos ótimos produtos que podem ser aproveitados por grandes empresas, como as corridas de ruas, jogos femininos, maratona de Curitiba, entre outros. Em relação aos custos vamos reduzir em água, luz, telefone, mas não em relação aos programas. Temos um calendário vasto a cumprir e a ampliar.

Em que pé está a questão do ginásio municipal? Por que a prefeitura precisa ter um ginásio, instalação sabidamente de alto custo de manutenção?

Curitiba tem que ter esse ginásio. É para grandes eventos esportivos, para entretenimento, é uma necessidade da cidade. É a nossa grande luta. O prefeito já está na busca de recursos federais. Temos o compromisso do ministro do Esporte Orlando Silva. Vamos buscar esse recurso, entre R$ 23 milhões e R$ 25 milhões, esse ano, via Ministério.

Não é possível uma composição com o governo do estado para a modernização e uma cogestão do Tarumã?

Não, porque não atende as nossas necessidades.

Como é sua relação com o Ricardo Gomyde? É possível estabelecer na administração esportiva uma proximidade que claramente não existe entre o governador Roberto Requião e o prefeito Beto Richa?

Minha amizade com o Gomyde dura 17 anos. Ele é dirigente do Paraná inteiro, inclusive de Curitiba. Quero estabelecer uma parceria grande. Já temos conversas muito boas. O interesse da cidade está acima de qualquer dificuldade política.

Há algum projeto conjunto?

Vamos abrir os campos de futebol amador com escolinhas de futebol. Temos um projeto chamado Passe, de iniciação esportiva, e em conjunto teremos o projeto Leia, incentivando a leitura.

Como pretende lidar com a questão envolvendo prefeitura e Federação Paranaense de Futebol por causa do Pinheirão?

Há a possibilidade de o nosso ginásio ser lá. Existe boa vontade de ambas as partes neste sentido.

Quando trabalhou na secretaria, o Hélio Cury estabeleceu uma ligação próxima com os clubes da Suburbana que o ajudou na eleição da FPF. Como pretende se relacionar com o futebol amador?

Da melhor maneira possível. Quero fomentar todas as modalidades. O Hélio estará envolvido nesse projeto de abrir os campos amadores para o projeto social.

Exceto o futebol, Curitiba praticamente não tem equipes ou atletas de alto nível treinando e competindo pela cidade. Como mudar esse cenário?

É difícil investir no esporte de alto rendimento e muito caro manter um time de ponta. Só se houvesse um parceiro grande. Nós não temos essa viabilidade e foge da nossa função social de trabalhar na base, atender a comunidade, a iniciação esportiva e o esporte educacional.

Você construiu toda a sua vida profissional no vale-tudo e a prefeitura já tem projetos ligados à modalidade. Como ele pode ser usado como ferramenta de inclusão social? E como esses trabalhos sociais podem ajudar a apagar a imagem de violência associada ao vale-tudo?

O vale-tudo é um esporte profissional. Nosso trabalho é voltado às artes marciais. Além de apoiar alguns eventos como capoeira, caratê, tae kwon do, estamos dando a oportunidade de as pessoas terem aulas gratuitamente em uma academia no Tatuquara. É uma novidade muito bem aceita pela população e que vamos levar para outras regiões. Usar as artes marciais como filosofia e como forma educacional tem benefícios extraordinários, dá autoestima, disciplina, cria amigos. Aos poucos a gente vai fazer com que o esporte ajude essas pessoas de áreas de risco e que acabam usando todo esse potencial bom para um caminho errado.

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