Frankfurt – Uma combinação multirracial estará em campo hoje à tarde, no Waldstadion. O jogo entre Brasil e França marca o encontro das duas seleções mais miscigenadas desta fase do torneio. Um orgulho aos combatentes do racismo, problema antigo dos gramados e entre as maiores preocupações dos organizadores do Mundial.

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A ascendência negra predomina no elenco brasileiro: 14 dos 23 jogadores. No time que começou a Copa (a escalação de hoje não está confirmada), apenas Kaká e Lúcio não representariam a mistura iniciada na época do Brasil colônia, quando o país se movia graças ao trabalho dos escravos negros vindos da África.

Problema em alguns clubes, a seleção brasileira não padeceu muito com o preconceito. Pelo menos na linha.

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O último negro a vestir as luvas em um Mundial foi Barbosa, em 1950. Ele acabou marcado pela falha contra o Uruguai e conseqüente perda do título. O goleiro Dida conseguiu quebrar o cinqüentenário tabu do Brasil em não ter negros no seu gol em Copas.

O arqueiro esteve nos dois últimos Mundiais, mas não jogou nenhuma partida. Agora se tornou uma das referências do time brasileiro.

No lado francês a mistura é maior. E a reprovação também. Povoado de imigrantes, o país construiu o sucesso de suas seleções à base de sangue estrangeiro. Ícone da sua geração, Zinedine Zidane é filho de argelinos. Thuram, Malouda e Henry têm pais negros. Vieira nasceu no Congo; Makelele veio do Senegal.

Ainda assim, a legião estrangeira é menor do que em 1998, quando o país conseguiu o primeiro título da história, sobre o Brasil.

Tanta mistura provoca protestos dos nacionalistas. Jean Marie Le Pen, presidente do partido de extrema-direita Frente Nacional, critica há anos a falta de valorização de franceses natos. "Sentimos que a França não se reconhece totalmente nesta equipe", disse ele, que disputou o segundo turno das eleições para presidente em 2002 contra o atual ocupante do cargo, Jacques Chirac.

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Nessa Copa, os franceses já tiveram pelo menos um problema com racismo. Torcedores espanhóis imitavam sons de macaco enquanto o ônibus dos Bleus chegava à AWD Arena, em Hannover, onde as duas seleções se enfrentaram. Essa manifestação e a vaia espanhola ao hino da França serviram de combustível para a vitória dos campeões mundiais de 98.