Todo mundo de olho nos comissários
Steve Earle, Henry Krausz e Gao Xuechan. Os três podem ajudar a decidir o GP da China, domingo, e, conseqüentemente, o Mundial de F-1. Eles são os comissários desportivos da prova de Xangai, figuras que teoricamente deveriam ser discretas, mas se tornaram o centro das atenções ao longo da temporada.
Domingo passado, no Japão, os inspetores puniram com passagens pelos boxes Lewis Hamilton e Felipe Massa, por manobras irregulares na pista, e acrescentaram 25 segundos ao tempo final de Sebastian Bourdais, o que fez o brasileiro tirar mais um ponto de diferença para o inglês no Mundial de Pilotos. Na Bélgica, punição similar tirou de Hamilton e deu a Massa a vitória.
O principal dirigente da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, apóia as decisões tomadas este ano. "Temos dois caminhos, dar total liberdade aos pilotos ou punir os comportamentos que afetam os adversários. Optamos pelo controle maior", diz. O bicampeão Fernando Alonso, porém, discorda. "Um exagero, estão aplicando penas demais, Algumas corridas foram decididas por eles."
Lewis Hamilton acusou o golpe nas duas vezes em que se viu envolvido na disputa do título: ano passado, em Interlagos, perdeu a posição depois da largada para Fernando Alonso, seu companheiro de McLaren, e, na tentativa de ganhar a colocação de novo, seguiu reto no Lago. Kimi Raikkonen começou a ser campeão nesse momento.
Domingo, no GP do Japão, novamente na condição de lutar pelo campeonato, Hamilton demonstrou mais descontrole emocional. Ultrapassado por Kimi Raikkonen, no início da corrida, tentou frear tão tarde no fim da reta que não fez a curva 1 e criou enorme confusão. Ontem, porém, não gostou de ser lembrado do seu histórico de equívocos nos momentos de tensão.
"Em primeiro lugar, no Brasil, ano passado, eu não tentei ultrapassá-lo (Fernando Alonso) e cometi um erro. Fernando estava do lado de fora (Reta Oposta), freou antes e para evitar bater nele fui obrigado a sair da pista, portanto não era uma tentativa de ganhar novamente a posição", explicou Hamilton, visivelmente irritado. A respeito do ocorrido no circuito de Fuji, domingo, quando não marcou pontos apesar de largar na pole position, disse: "Foi uma manobra de corrida e não deu certo, automobilismo é isso, o que se pode fazer?"
A perda do título em 2007 e o fato de estar seguindo, agora, o que sugere ser o mesmo caminho, não levam o piloto da McLaren a fazer nenhum tipo de preparação especial. "Não planejo mudar minha forma de encarar as corridas, não vejo necessidade disso", afirma Hamilton. "Temos ainda duas etapas pela frente, estou com cinco pontos de vantagem (84 a 79), disponho ainda de grande oportunidade para o próximo passo (ser campeão)."
Na realidade, Hamilton sente-se um tanto isolado na Fórmula 1. Sua postura depois do GP da Bélgica, em que se colocou numa condição superior aos colegas, criticando Raikkonen, somada ao seu comportamento agressivo demais na prova de Monza, recebendo até ameaças, como de Timo Glock, da Toyota, fazem com que não tenha grandes amizades na Fórmula 1.
Alonso, por exemplo, já declarou que se for possível ajudará Massa na luta pelo título. "Agora que a Renault voltou a ser competitiva, dá para ser segundo ou terceiro, atrás de Felipe, o que é uma forma de tirar pontos do seu concorrente", falou o espanhol, ao lado de seu desafeto, que ouviu tudo. "Não disponho de tempo para pensar nisso, tenho coisas mais importantes para pensar", respondeu Hamilton, que, desta vez, está falando bem menos que nos outros fins de semana em que se deu mal.
Massa não concorda com a história de que as possibilidades de Hamilton errar são maiores que as suas. "O fato de já ter acontecido isso antes não quer dizer que aqui será assim também, o Hamilton pode fazer tudo certo", comentou o brasileiro da Ferrari. Sua estratégia é uma só: "Estar sempre à frente do Hamilton. Largar na pole é uma forma de evitar alguns problemas que tivemos na última corrida", lembrou.
Na TV
GP da China (treino oficial), às 3 h, na RPC TV.
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