Duas décadas depois, Darci Piana, Dely Macedo, Jorge Celes­ti­no Buso e Aramis Tissot resgataram a história mais surreal da jovem vida tricolor. Durante esta semana, a convite da Gazeta do Povo, eles voltaram ao restaurante Veneza para lembrar o dia em que o Paraná ganhou sua "carta magna" – redigida em um guardanapo de papel.

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Confira no vídeo abaixo, dividido em três partes, como foi o encontro dos dirigentes

Parte 1

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Parte 2

Parte 3

Em 1989, Ocimar Bolicenho (faltou por motivos particulares) e Raul Trombini (falecido este ano) também estiveram no memorável en­­contro. Ernani Buchmann e Renato Trombini participaram da "reconstituição" bem descontraída às vésperas do aniversário paranista.

Diante do debate aberto estabelecido no período pré-fusão entre Pinheiros e Colo­­rado, o acerto dos principais detalhes se transformava numa fuzarca. O cenário sombrio obrigou os seis dirigentes a marcar um almoço em Santa Fe­­licidade. Após três horas de discussão, redigiu-se no utensílio as cláusulas pétreas da nova associação.

Em tópicos, anotaram o nome oficial da equipe, as cores da camisa, quais seriam as sedes social e do futebol, os símbolos e o slogan. No próprio guardanapo-documento, assinaram embaixo – exceto Raul, que deixou o encontro antes do fim e delegou poderes aos boca-negras (Piana e Macedo).

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Buso, 20 anos passados, abre a conversa lembrando que a ideia original era colocar uma águia dourada no escudo – fato que foi redigido na primeira constituição do clube. "Um animal astuto, rápido, veloz...", citou. A troca pa­­ra a gralha ocorreu nos dias posteriores, após um estudo publicitário e o objetivo de utilizar símbolos do estado.

Buchmann, que participou do layout ao lado de Zeno Otto, entra no papo reclamando apenas a co­­locação do pinheirinho, uma ré­­pli­­ca do já utilizado pelo Pi­­nheiros. Tissot e Buso, oriundos da ala azul, explicam. "Com­­bi­­nava com a gralha, pois é outro símbolo do paranismo. As cinco bolinhas de pinho remetem aos cinco continentes. Boba­­gem, mas emplacou".

O bate-papo segue em ritmo bem-humorado. "Deu tão certo que vencemos sete títulos em sete anos", solta um deles. "A nossa torcida se acomodou, mas chegou a colocar 40 mil no Pinheirão contra o Grêmio pela Copa Sul (1999)", emenda outro. "Pena, graças a maus administradores, chegamos a esse período difícil", alguém agita a discussão. "É o preço da democracia", fecha Piana.

Em outro momento, as lembranças do difícil convencimento para formar uma nova agremiação. "Cheguei a fazer 15 camisas diferentes e mostrar para os conselheiros. Nenhuma foi aprovada", conta Buso – de um lado da mesa. "Era complicado unir as diversas alas, palestrinos, britânicos, a turma do Britânia, Ferroviário...", arremata novamente Piana, do lado oposto.

Entra no diálogo então o problema que foi confortar o padre Chico, sacerdote oficial do Pinheiros. Ele não aceitava a união, pois temia perder o posto para o colega de batina que fazia o mesmo serviço espiritual no Colorado. Alguns risos. No fim, o pároco do Água Verde – ligado ao Alviceleste da Vila Guaíra – levou a melhor.

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Dely Macedo, que preferiu ouvir a falar, percebe então que a resenha estava no fim. "Opa, não vamos embora sem tomar uma cerveja, né?". Sem dar muita atenção, o pessoal já se levantava, trocava afagos, falavam sobre a crise atual do clube, enquanto ele se dirigia rapidamente ao garçom. Em uma mesa afastada, encheu todos os copos. Os ex-dirigentes então se reuniram e brindaram. "Ao Paraná!"