Vídeo| Foto: RPC TV

Planejamento

Planos – A bagagem de Leonardo Vicenzi inclui itens de reposição para a bicicleta e até uma panela. Por dia, ele pretende pedalar aproximadamente 60 km apenas durante o dia. O estudante considera perigoso pegar estrada durante a noite. Ele dormirá na barraca. Para não gastar dinheiro com a alimentação, Vicenzi confia na hospitalidade das pessoas dos lugares por onde passar.

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Ele tinha ouvido muitos discos, conversado com pessoas, mas decidiu seguir o seu caminho. Assim como na letra de "apenas um rapaz latino-americano", música de Antônio Carlos Belchior que não cansa de repetir, o curitibano Leonardo Vicenzi, 24 anos, saiu de casa, no bairro do Hugo Lange, na manhã de ontem, para uma viagem com destino a Cuba, na América Central. Sem dinheiro no banco ou parentes importantes, se apronta para uma aventura tendo a canção predileta como companheira.

Ele não irá de ônibus, trem, avião ou carro. O estudante de medicina da Universidade Federal do Paraná pegará a estrada montado em uma bicicleta. Tranqüilo para o desafio, o rapaz conta com a experiência de quem já desbravou o litoral brasileiro sobre duas rodas.

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Tudo começou quando, para economizar o dinheiro das passagens, ele resolveu ir para a Bahia. "A viagem para Salvador foi a primeira que fiz e não parei mais. Já desci diversas vezes a serra do litoral paranaense", lembra. Vicenzi não tem data prevista para a chegada, tampouco um roteiro fechado para concluir a saga. Como aventureiro que se preza, bolou somente uma rota simples de partida – o mínimo para dar o pontapé inicial ao projeto. "Meu plano é chegar a Cuba no final de novembro ou início de dezembro. Lá, devo ficar por três meses mais ou menos para fazer um estágio", explica. Além da magrela, o universitário deve embarcar em um barco para cruzar as águas do Atlântico e chegar à ilha de Fidel Castro.

As pedaladas dele somarão aproximadamente 5 mil quilômetros, obrigando o estudante a trancar a matrícula no quarto ano da faculdade. Segundo Vicenzi, por uma causa nobre. "Em Cuba, eles têm um dos melhores sistemas públicos de saúde e vou estudar medicina comunitária, especialidade que pretendo seguir", disse. Para despistar a saudade da família e da namorada Lívia, que também estuda medicina na UFPR, o violão será o companheiro de todas as horas do Che paranaense – famoso também por sua viagem de moto pela América do Sul. O corajoso ciclista, no entanto, recusa comparações, embora existam coincidências com a história de Ernesto Che Guevara. Dentre elas, a profissão em comum e o interesse pelo trabalho comunitário.

A maior missão, salienta, será encontrar telefones para manter contato diário com os parentes no Brasil, recomendação especial de Dona Tânia, a mãe do aventureiro. "Ela me pediu para telefonar todo dia para casa para tranqüilizar a família. Eu não prometi nada, mas sempre que puder farei contato. A solução, encontrada por ele, foi criar um blog (www.leodabike.blogspot.com) que espera abastecer semanalmente com fotos e notícias da viagem pela América Latina – O Diário de Bicicleta do Léo. A volta para casa, programada para fevereiro, não deve ser de bicicleta.