Concentrados em Atibaia, no interior de São Paulo, os jogadores do Coritiba buscam o futebol nos momentos de descanso dos trabalhos de pré-temporada. Nesse caso, porém, eles trocam os pés pelas mãos, literalmente, para brilhar nas peladas do videogame.
O jogo é sempre o Fifa 2015. O equipamento, com todos os controles e acessórios possíveis, foi levado para o resort por Paulo Otávio e o goleiro Vaná. Quando a disputa está intensa é normal os jogadores dos outros quartos escutarem os gritos pelos corredores de quem não aguenta perder nem no mundo virtual.
Principal método de relaxamento do elenco, o videogame promove uma mudança de valores entre os coxas-brancas. Com o controle na mão, nada de modéstia. Todos acham que são os melhores da peleja.
"No videogame sou eu o melhor, posso falar. Eu e o [zagueiro] Bonfim. Ele dá umas quebradas e eu conserto", diz o meia Rodolfo. "Nós ficamos ganhando do Negueba, do Welinton, eles ficam bolados e a gente sacaneia eles. Não perdemos ainda não", acrescenta, logicamente sendo contestado pelos adversários.
"Eu e o Vaná jogando de dupla somos imbatíveis", garante Paulo Otávio, que não dispensa uma postagem no Instagram mostrando as disputas internas. "Eu 'deito' nos caras, sou o melhor. O Rodolfo é fraco. Tem de treinar muito para bater em mim", provoca o atacante Rafhael Lucas.
A disputa ocorre entre um treino e outro, sem hora definida e dependendo do cansaço dos jogadores. Um clima menos profissional do que o promovido pelo ex-meia Tcheco, hoje técnico da equipe sub-23, quando criou a Tcheco's Liga, em 2012.
Apesar de ser o passatempo favorito, especialmente dos jovens, o videogame não é o único meio de descansar mente e corpo. O volante Rosinei, por exemplo, aproveita para ver filmes no quarto. Outros vão para a piscina do resort e alguns simplesmente utilizam todo o tempo longe do campo e da academia para descansar, como o lateral-esquerdo Carlinhos.
Opções que são resultado também da mudança da pré-temporada para Atibaia. Nos últimos anos a preparação ocorria em Foz do Iguaçu e os jogadores sempre tinham pelo menos um dia de lazer para se dedicarem às compras no Paraguai, onde perfumes e equipamentos eletrônicos eram os principais alvos.