Escondido embaixo do gorro de sua jaqueta de moletom alaranjada, José "Pelé" Landy Johns, 37 anos, observava, com cara de mau, uma das primeiras lutas do Samurai Fight Combat 4, sábado, no ginásio do Círculo Militar, em Curitiba. Depois de sete anos fora do país, o experiente lutador cubano vivia os últimos instantes de concentração antes de voltar a lutar na terra onde foi criado.
O combate contra o londrinense William "Bacalhau" Dias, 12 anos mais jovem, durou somente dois minutos. Com um golpe chamado guilhotina, pegou a cabeça do adversário e não soltou mais.
"Nos vídeos eu vi que ele deixava essa brecha da cabeça e aproveitei", disse Pelé, ainda no octógono, onde ficou por cerca de dez minutos após a luta atendendo aos fãs. O olhar sério havia sido trocado por um largo, persistente e, para alguns, até irritante sorriso. "Faz cara de mau", pediu um torcedor no momento da foto, arrancando gargalhadas de quem viu a cena.
A rápida vitória, a 26.ª da carreira nas artes marciais mistas (MMA), pode se tornar passaporte para o retorno ao circuito internacional, algo que Pelé conhece como ninguém.
Primeiro lutador curitibano a competir no exterior, puxou a fila para nomes que hoje brilham lá fora, como o amigo Wanderlei Silva, e os campeões do Ultimate Fighting Championship (UFC) Anderson Silva e Maurício "Shogun". Com três vitórias consecutivas depois de se recuperar de uma grave lesão no tendão de Aquiles há um ano e meio, o objetivo agora é tentar consertar um erro do passado.
"Recusei três vezes o UFC, a última em 2007. Não pude ir por causa de algumas circunstâncias, mas hoje luto até de graça", afirmou. "Não acho que exista [mágoa por causa da recusa]. Eles querem show. E ganhando ou perdendo, isso eu sei fazer", prometeu.
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