Baseados em suas posições no ranking mundial, sete brasileiros poderiam estar inscritos no qualifying do Australian Open. Nenhum deles, no entanto, optou por tentar a sorte viajando até Melbourne para lutar por uma vaga na chave principal do primeiro Grand Slam da temporada. É o segundo ano consecutivo em que isto acontece.
A explicação está no crescente número de torneios da série Challenger (que distribuem menos pontos e prêmios em dinheiro) na América do Sul. Com eventos no Brasil e nos países vizinhos, os tenistas do país têm a chance de gastar menos dinheiro e lutar por pontos valiosos no ranking.
Este ano, por exemplo, o Brasil tem Thiago Alves (número 125 do mundo), Ricardo Mello (163), Ricardo Hocevar (168), João Souza, o Feijão (200), e Rogério Dutra Silva, o Rogerinho (234), inscritos no Challenger de Salinas, no Equador. Todos teriam condições de disputar o quali em Melbourne, mas ficaram na América do Sul, onde terão mais torneios à disposição.
"Jogar qualis de Grand Slam, na minha opinião, deveria ser sempre prioridade. Mas o Australian Open é um caso à parte, pois fica no outro lado do mundo, e a gira por lá é curta, são só três torneios, todos muito duros. E havendo um belo Challenger no Brasil na mesma época, é claro que a maioria acaba ficando por aqui. Nesse ano, pesou ainda o fato de que há mais três Challengers na América do Sul na sequência: Salinas, Iquique e Bucaramanga. E depois já vêm os ATPs: Viña del Mar, Brasil Open, Buenos Aires", explica Chico Costa, capitão brasileiro na Copa Davis, ao GLOBOESPORTE.COM.
A ausência de tenistas no quali do Australian Open, que parece ser um passo para trás, é, na verdade, um sinal da evolução da modalidade no continente, que dispõe de mais torneios do que nos anos anteriores.
"Na minha época, só tinha o Challenger de São Paulo no começo do ano. Então o cara tinha mesmo é que ir para a Austrália. Hoje, se você tem um ranking entre 150, 200, é melhor ficar por aqui. Uma viagem dessas custa uns US$ 2 mil, você ainda tem gasto alimentação e perde muito tempo para ir e voltar", avalia o ex-top 30 e campeão pan-americano de 2003, Fernando Meligeni.
Chico Costa, que disputou o qualifying em Melbourne cinco anos seguidos (1999 a 2003), completa.
"Na época, não havia uma sequência de torneios na América do Sul, apenas o Aberto de SP. Em 2001, alcancei as semifinais em São Paulo e acabei chegando em Melbourne apenas na véspera de minha estréia no quali. Ou seja, é preciso levar todos esses aspectos em consideração quando se monta um calendário".
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