Imbituba, SC Nem Peterson Rosa sabe se 2006 será seu último ano no surfe profissional. Trigésimo colocado no ranking mundial, a três posições da faixa que o garantiria na disputa da próxima temporada do WCT, o surfista paranaense afirma precisar de apenas uma semifinal ou um 5.º e um 9.º lugar nas etapas do Brasil e Pipeline para permanecer na elite. Mas a conquista da vaga não é garantia de que o Bronco vá correr o circuito pelo 18.º ano consecutivo. Ele pensa em se aposentar. Ou pelo menos "dar um tempo" nas competições.
"De repente fico uns dois ou três anos parado, fazendo free surf, filmes... Para ver se sinto falta das competições e voltar a me amarrar" (empolgar), diz.
Peterson se diz um pouco cansado. Está no circuito desde os 15 anos. Não agüenta mais aviões, sente falta da família, dos filhos, dos amigos, de Matinhos. Também cansou da rotina recente de brigar para se manter na Primeira Divisão e de ver o sonho de ser campeão cada vez mais distante.
Mas não será surpresa se isso não passar de apenas mais um desabafo do paranaense, uma forma de tirar um pouco a pressão na reta final da temporada. Ao longo do ano, o surfista falou muito sobre o assunto, mas nunca manteve um discurso constante, dando a impressão de que não sabe bem o que quer.
No início do ano também aparentava impaciência. Sentia falta do estrelato e dizia que só não largou o WCT porque não conseguiu uma vaga no Brasileiro. No mês passado, quando fez aniversário, demonstrou novo ânimo. Desejava seguir no circuito de todos as formas, pois não queria pendurar a prancha sem um título mundial. Agora, volta a deixar o futuro indefinido.
"Tudo vai depender da MCD (o patrocinador). Para eu ficar eles vão ter de me fazer uma boa proposta. E não é dinheiro, pois financeiramente eu estou muito bem", diz.
Para quem não conhece Peterson, fica difícil entender a confusão. Mas ele não estava cansado? Com saudades da família, etc.? Na verdade, sim. Mas as pessoas são movidas por estímulos. E para o Bronco isso se traduz na possibilidade de conquistar o título mundial. Apenas esse pensamento faz o surfista mudar o rumo de sua vida de uma hora para outra, reproduzindo os giros de 180 graus que dá com sua prancha sobre as ondas.
"Só fico se não precisar competir no WQS. Quero me dedicar apenas ao WCT e nas horas vagas poder treinar na Indonésia, Havaí, como a maioria dos gringos faz. Para continuar, quero ter as mesmas condições que eles. Mas antes de tomar qualquer decisão tenho de garantir a vaga na água".
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