Só mesmo um craque polêmico como Petkovic para tirar das manchetes uma virada épica como a de 5 a 3 aplicada pelo Rubro-Negro no Fla-Flu de domingo passado. Substituído no intervalo, o craque sérvio entrou em rota de colisão com Marcos Braz, vice de futebol do Flamengo. No dia seguinte, a principal notícia destacada não era relacionada a Vagner Love ou outro destaque da partida....
Pet não tem pudor de falar o que pensa. Mesmo nos momentos mais felizes. Ao conquistar o Taça Guanabara de 2003, jogando pelo Vasco, ele teve o cabelo pintado de verde durante as comemorações. E fez questão de registrar a insatisfação com um palavrão, ao ser entrevistado.
Veja no vídeo acima a cena, parte da reportagem de Marcelo Courrege e Thiago Asmar, do "Esporte Espetacular", que foram à Sérvia para desvendar o personagem Dejan Petkovic.
Entre as imagens selecionadas para a matéria, estão vários gols do acervo particular do jogador. Um filme que ele não se cansa de assistir, com comentários nem um pouco modestos.
"Olha esse passe! Olha esse passe aí... Mais ou menos, né!? Quem fez esse gol? Olha aí! Grava esse gol!", ordenou Pet, ao rever um dos lances.
São jogadas realmente impressionantes, incluindo um gol do meio de campo no primeiro lance do jogo. O tal que Pelé tentou, sem sucesso, na Copa de 1970... Pet marcou, pela seleção iugoslava de novos, aos 15 anos!
"Quem fez esse gol? Olha aí! Grava esse gol!", ordenou Pet, ao rever o lance.
Petkovic não ficou muito tempo como júnior. Com dezesseis anos e quinze dias, atuou pela primeira vez entre os profissionais na primeira divisão do futebol iugoslavo. O mais jovem da história do país.
"Quando estreei, me tornei o mais novo (da história) sem saber. Aí os jornalistas descobriram. Me tornei o mais novo por um dia. Um dia!!", lembrou o jogador.
O vigor em campo desde os tempos de adolescente inspirou o apelido Rambo - que ele não gosta, mas pegou. Na Sérvia, até hoje, pra se referir a Pet é preciso falar Dejan "Rambo" Petkovic. O jogador preferia o apelido que lhe foi dado pelo irmão, Boban, na infância: Smek.
"É tudo de bom, né? Aquele playboy, aquele malandro...", explicou Petkovic.
O gênio indomável vem desde a infância. O pai, "Ciga" Petkovic revelou que o filho quase mudou de esporte nessa época. Abandonou o futebol e foi para o basquete. O motivo?
"Briguei com o treinador... Pra varriar", explicou Petkovic, carregando no sotaque e deixando escapar uma risada auto-irônica.
Mas Petkovic voltou aos campos e se deu muito bem atuando pelo Estrela Vermelha, de Belgrado, clube de maior tradição do futebol iugoslavo. Hoje o estádio do Estrela Vermelha recebe no máximo 53 mil torcedores. Mas chegou a ter capacidade para 110 mil espectadores, dimensão que valeu um nobre apelido: Marakana.
De lá, Petkovic seguiu para um dos mais famosos palcos do futebol: o Santiago Bernabeu, do Real Madrid. Mas não se deu bem, devido a problemas com o treinador Ivan Capello.
"Acho que ele não gosta de sérvio. Não gosta com certeza, e mostrou isso", lembrou Petkovic.
O gênio difícil também o prejudicou na seleção. Em 1994, o técnico Slobodan Santrac chamou Petkovic para dois amistosos pela Iugoslávia. O primeiro foi contra o Brasil, em Porto Alegre: derrota por dois a zero. No segundo, contra a Argentina, Santrac o mandou entrar em campo aos 44 minutos do segundo tempo. Pet se recusou...
"Mas depois do problema fui chamado sete vezes. Cinco vezes pelo mesmo treinador. Não foi por aquele problema...", comentou o jogador.
Petkovic viveu a expectativa de atuar pela seleção da Sérvia até a Copa de 2006, mas não foi convocado. "Eu fico muito triste por ele não ter jogado mais partidas pela seleção sérvia, ou pela antiga Iugoslávia. Ele merecia isso. Mas era algo que não dependia dele, dependia de um jogo de interesses, nada a ver com futebol. E ele foi vítima desse jogo. Muita gente na Sérvia sabe disso", disse Ivan Adic, ex-companheiro dos tempos de Estrela Vermelha.
A polêmica desta semana com o vice de futebol do Flamengo, Marcos Braz, mostrou ainda mais essa face conhecida de Petkovic. Tipicamente sérvio, um povo firme em suas convicções, que não costuma ceder.
"O povo sérvio sempre foi guerreiro. Acho que participou de quase todas as guerras da história que a gente conhece, né? Tivemos muitas derrotas. Perdemos algumas batalhas, mas nunca a guerra", resumiu Petkovic.
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