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| Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo

Qualquer sacrifício vale para tentarmos mudar este status quo. Está provado, são ladrões, enriqueceram, vão para a cadeia

Mario Celso Petraglia oresidente do Conselho Deliberativo do Atlético

Afastado do comando central do Atlético, hoje presidido por Luiz Sallim Emed, Mario Celso Petraglia está engajado na Primeira Liga, competição que neste final de semana abre a segunda rodada.

O cartola chegou a ser eleito presidente da nova organização, que congrega clubes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Deixou o cargo por divergências políticas, mas manteve-se à disposição, diante da possibilidade de independência dos clubes.

Em entrevista à Gazeta do Povo, o atual presidente do Conselho Deliberativo do Furacão revela os bastidores da Primeira Liga.

Após um começo incerto, como está a Primeira Liga ?

Está consolidada, houve uma questão muito difícil com a CBF e as federações. Fomos para luta e vencemos. O grande esforço era para que a Liga acontecesse em 2016 e conseguimos. Vamos trabalhar para substituir os Estaduais.

Houve desacordo sobre o senhor ser presidente da Primeira Liga. Por quê?

Criou um desconforto pela forma que alguns clubes entendiam que a Liga deveria seguir nas suas estratégias. Por exemplo, eu não visitaria a CBF, o presidente Gilvan [Tavares, do Cruzeiro e da Primeira Liga] foi. É um homem de paz, de diálogo.

Como ficou a divisão das cotas de TV?

Não foi possível este ano porque não teve cota. Por esta insegurança, por este boicote que sofremos, é que não tivemos condições de venda de TV, de venda de patrocínios. Mas em princípio acertamos que será uma divisão 50% igual, 25% por audiência e 25% pela posição no campeonato.

Há uma ideia de uma liga nacional, com os times paulistas?

Não. A Primeira Liga vem para o primeiro semestre, os Estaduais são deficitários. Vamos continuar com a Primeira Liga e a Liga Nacional será outra coisa. Assim como inicia a Liga Sul-Americana, que tivemos agora as reuniões em Buenos Aires. Nossa intenção é ter a Liga Americana, do Canadá para baixo.

Com mais uma competição nacional, além da Copa do Brasil e do Brasileiro, não há a possibilidade de desgaste?

Não há desgaste. O que dá desgaste é você ter competições que não motivam. No Estadual, com todo o respeito, como é que a gente vai exigir do Maringá que venha jogar de igual para igual, com o calendário que tem e com a renda que tem. Não tem como. Temos que buscar calendário para eles.

Como a Federação Paranaense de Futebol está agindo neste cenário?

Não tenho dúvidas que a federação fará de tudo para atrapalhar o Atlético no Estadual. Porque nós já há três anos não jogamos o campeonato, não fede e não cheira. A federação já não tem relacionamento com a CBF e não tem relacionamento com seus clubes. Então, estamos independentes.

O Atlético não participou da eleição da CBF, que elegeu o Coronel Nunes como vice-presidente. Por quê?

Como vou endossar? O presidente [Marco Polo Del Nero] está sendo processado, não pode sair do Brasil.

Não teme represália ?

A gente já vem sendo roubado há quantos anos? Só que agora tem 32 câmeras, antigamente não. Agora a gente prova. Qualquer sacrifício vale para mudar este status quo. Está provado, são ladrões, enriqueceram, vão para a cadeia.

Se o senhor tivesse autonomia, romperia com a CBF?

Romperia ontem. Os clubes precisam se organizar de forma independente, a lei está aí, as ligas no mundo todo funcionam assim, por que o Brasil tem que ficar atrasado? É meu sonho de uma noite de verão. Com certeza o futebol brasileiro não pode valer 5% do futebol inglês.

Quais as vantagens objetivas da Primeira Liga?

A organização, a independência, a seriedade. Tem alguma coisa maior que é difícil explicar, o espírito de união, que não temos com as federações e com a CBF. Os patrocínios serão bem vendidos e não teremos nenhuma comissão, nem roubo. Há uma competição de equilíbrio maior, porque teremos os melhores clubes dos estados.

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