
Declarações de Mario Celso Petraglia, presidente do Atlético
"Esses dois itens, nosso grupo empresarial poderia fornecer: cobertura e cadeiras. Cobertura, estou fora. Cadeira também. Se o clube quiser que a gente forneça a preço de custo, estou aberto."
"A Tiisa [construtora] é 50% do meu grupo. Vou interceder para que não faça orçamento. Porque amanhã vão dizer que o Mario Celso Petraglia ganhou dinheiro com as obras da Arena."
"Quero [que a Kango instale as cadeiras] como sempre fizemos. A preço de custo, sem ganhar um tostão, para favorecer o meu clube."
"Levantem a quantidade de crédito que o Mario Celso Petraglia contabilizou em favor desse clube e não recebeu em retorno."
"Cobertura estou fora, cadeira também. Se o clube quiser que a gente forneça a preço de custo, estou aberto." Em duas frases, o presidente do Atlético, Mario Celso Petraglia, restringiu a participação do seu grupo empresarial na conclusão da Arena. Compromisso parcialmente rompido com a contratação da Kango Brasil Ltda., que tem o filho do dirigente como sócio, para fornecer cadeiras, poltronas e bancos de reservas para o estádio.
A declaração de Petraglia foi dada em um momento crucial do projeto de Copa do Mundo do Atlético: a reunião do Conselho Deliberativo do clube, em 31 de maio do ano passado, em que o então conselheiro apresentou um modelo para o financiamento do estádio independente de grandes construtoras. No mesmo dia, a OAS enviou à diretoria atleticana uma carta de intenções. O Conselhão escolheu, nas palavras de Petraglia, que o Atlético fosse "responsável pelo próprio destino" a "vender a alma ao diabo".
VÍDEO: Petraglia disse em 2011 que não lucraria com Arena
A Gazeta do Povo teve acesso a 2h51min de gravação da assembleia. A explanação de Petraglia ocupa a segunda hora da filmagem. Uma exposição detalhada, em que o dirigente contextualiza o impacto da Copa na economia e no futebol brasileiro, detalha as fontes de receita para bancar a obra e o ganho do Atlético com o projeto.
Petraglia anuncia a restrição da sua ação empresarial no projeto no meio da apresentação. O dirigente exibe uma planilha esmiuçada de custos, em que os itens "cobertura" e "cadeiras" estão marcados em amarelo.
"Eu fiz questão de deixar em amarelo, são dois itens que nós poderíamos fornecer, nossos grupos empresariais: cobertura e cadeiras. Cobertura estou fora, cadeira também. Se o clube quiser que a gente forneça a preço de custo, estou aberto", afirmou.
Responsável pelo gerenciamento, administração, construção e empreendimento da Arena para a Copa, a CAP S/A, que tem Petraglia como presidente, contratou a Kango para instalar 43.981 unidades de assentos esportivos no estádio, ao custo líquido de R$ 9,6 milhões. Era o terceiro melhor preço, porém levou a melhor por "critérios técnicos", segundo o clube.
A empresa, que fornece cadeiras para a Baixada desde 2004, tem como sócio Mario Celso Keinert Petraglia, filho do dirigente. A Kango também é representante no Brasil da companhia alemã Max Bögl, que construiu ou participou da construção da cobertura de estádios europeus como a Allianz Arena.
Petraglia reforçou o plano de excluir suas empresas da operação Arena ao falar da Tiisa-Triunfo, que, àquela altura, se apresentava como candidata a conduzir a reforma do estádio. "50% da Tiisa é nossa, do meu grupo de empresas. Vou até interceder para que não faça o orçamento porque amanhã dirão que o Mario Celso Petraglia ganhou dinheiro com as obras da Arena", afirmou o dirigente.
A contratação da Kango foi um dos pontos questionados pelo advogado José Cid Campêlo Filho, ex-vice-presidente do Conselho Deliberativo do Atlético e ex-integrante da CAP S/A. Na última quarta-feira, Petraglia e a CAP S/A defenderam, perante o Conselho Deliberativo, o andamento do projeto do estádio, incluindo o acordo com a Kango. Os conselheiros testaram as cadeiras finalistas na concorrência aberta pelo clube e, segundo presentes à reunião, aprovaram os modelos da Kango por unanimidade.
Questionado por e-mail, o marketing da Kango, o Atlético e Mario Celso Keinert Petraglia não responderam até o fechamento desta edição.
ESPORTES | 2:50
Vídeo da reunião do Conselho Deliberativo do Atlético ano passado mostra o então candidato à presidência do clube afirmando que não se envolveria no fornecimento de cadeiras ao estádio.
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