O árbitro paulista Edílson Pereira de Carvalho e o empresário Nagib Fayad foram presos ontem, pela Polícia Federal, por participação em uma quadrilha de manipulação de resultados do Campeonato Brasileiro. Outro árbitro envolvido, Paulo José Danelon, está sendo procurado pela polícia. O esquema armado para lucrar em sites ilegais de apostas, denunciado na edição desta semana da revista Veja, vinha sendo investigado pela PF e o Ministério Público de São Paulo há seis meses.
Segundo a publicação, um grupo de apostadores da capital paulista e Piracicaba (interior do estado de São Paulo) pagava a Edílson de R$ 10 mil a R$ 15 mil para que ele ajudasse as equipes em que a quadrilha apostava. Ao todo, o árbitro, um dos dez brasileiros integrantes do quadro da Fifa, apitou 11 partidas do Brasileiro 2005. Em cada um delas Fayad e seus sócios, donos de casas de bingo, investiam cerca de R$ 200 mil, o que teria gerado um lucro de R$ 1 milhão nos últimos seis meses.
No momento da prisão, Edílson negou ter manipulado resultados, mas disse que era pressionado para ajudar algumas equipes. "Minha mulher e minha filha foram ameaçadas de morte", afirmou ele, que está preso na Superintendência da PF em São Paulo, onde também estão Paulo e Flávio Maluf..
A atuação da quadrilha já vinha chamando a atenção dos próprios sites. O Aebet, informa a reportagem, não abriu apostas para as duas das últimas partidas conduzidas por Edílson: Internacional 3 x 2 Coritiba (21/8) e São Paulo 3 x 2 Corinthians (7/9).
A restrição a estes jogos é tema de conversa telefônica entre Fayad e Edílson, em agosto, interceptada pela Polícia Federal. "Não abrem aposta. Nos três últimos jogos que ocê apitou, apostamos pesado. Tão desconfiados mesmo... Vamos ter de dar um jeito", reclama o empresário.
Em outra ligação, Edílson desculpa-se por não conseguir arranjar a vitória do Juventude contra o Figueirense. O árbitro diz ter ajudado o clube gaúcho inclusive assinalando um pênalti, desperdiçado por Zé Carlos e reclama da atuação do atacante Edmundo, autor de três gols e uma assistência na vitória por 4 a 1 do Figueira. "Ele jogou muito", reclama o árbitro, que promete se redimir na partida entre o clube catarinense e o Vasco.
"Vou marcar falta no meio-de-campo. Se o cara reclamar, meto pra fora. Vê o limite que você pode jogar e mete ferro, que eu meto ferro dentro de campo", afirmou.
De acordo com a reportagem, a quadrilha apostou no Vasco, que venceu por 2 a 1. Edílson deixou de marcar dois pênaltis para o Figueirense.
Anulação
O Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) prevê a anulação de partidas cujo resultado sofra alteração por má fé. O cancelamento, porém, não é tão simples, segundo o chefe da procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmitt.
"Temos de fazer uma análise de todos os jogos que ele apitou antes de chegar a alguma conclusão. Não dá para simplesmente sair anulando partida. Mas certamente as equipes derrotadas vão pedir a anulação", afirmou o procurador à Gazeta do Povo.
O Coritiba informou, via assessoria de imprensa, que ainda vai estudar o caso antes de decidir se entra no STJD para pedir a anulação da partida contra o Inter.
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