
Fifa prioriza infra-estrutura
A maior parte da apresentação da candidatura de Curitiba como uma das subsedes da Copa do Mundo de 2014 será dedicada a aspectos relacionados à infra-estrutura da cidade. A Arena deverá ser mera coadjuvante na reunião entre representantes do Atlético e dos governos municipal e estadual com emissários da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e inspetores da Fifa. O encontro está marcado para sábado, no Windsor Barra Hotel, no Rio de Janeiro.
Segundo Mauro Holzmann, diretor de marketing do Rubro-Negro, o objetivo principal da apresentação será mostrar a capacidade de atendimento das exigências estruturais exigidas dos municípios e estabelecidas no caderno de encargos da Fifa. "Nesse momento, é com isso que a Fifa está mais preocupada", disse o dirigente, que estará no Rio. O "dedo" do Atlético está em alguns dos 30 minutos do vídeo que será exibido para convencer CBF e Fifa das virtudes do município. "A parte que mostra o estádio foi feita por nós, com imagens, plantas e informações gerais sobre a Arena", explicou.
De acordo com a Paraná Esportes, a maior parte da apresentação que, além da exposição do vídeo, terá ainda meia hora para o esclarecimento de possíveis dúvidas será baseada na explanação da estrutura aeroportuária, hoteleira, hospitalar e de transporte, além de aspectos também considerados importantes, como a mobilização e a motivação da população local. Apenas no final a Arena deve figurar na apresentação. No sábado, além da capital paranaense, as cidades de Florianópolis, Cuiabá, Campo Grande e Goiânia também terão a sua vez.
Flávio Miranda
Neste momento o Pinheirão deveria estar se preparando para a Copa de 2014. O estádio chegou a ter maquete, apresentação de gala, mas 84 dias depois de perder a disputa política, a realidade do local é o oposto da imaginada pelo ex-presidente da Federação Paranaense de Futebol, Onaireves Moura. Assim como o seu maior defensor, a praça esportiva foi excluída do cenário futebolístico paranaense, brasileiro e mundial.
Enquanto a Arena da Baixada será apresentada à Fifa no sábado pela manhã (como a escolhida do estado para abrigar os jogos da Copa), derrotado, o patrimônio da FPF que um dia já foi tido como solução para os clubes paranaenses segue a sua sina de abandono, mandos e desmandos.
Interditado desde quando se atreveu a sonhar em virar a estrela, o Pinheirão nem mesmo chegou a brilhar. Pior que isso: hoje a estrutura de concreto sequer reflete luz. Coberta de musgo, serve de banheiro para pombas, estacionamento para funcionários da FPF, abrigo de cachorros, corujas e fonte de renda para marginais. Pouco a pouco, o estádio vai sendo depenado.
As torneiras dos sanitários foram arrancadas, várias cadeiras quebradas, os camarotes estão com o teto destroçado e mais de 30 metros de fios grossos de cobre já foram roubados das instalações elétricas para serem revendidos.
No último dia 7, por exemplo, o administrador do local foi obrigado a deixar um grupo de quatro rapazes cortar o material, acuado pelo rottweiler do grupo. Chamou a polícia, que chegou apenas 45 minutos depois, quando o delito já estava consumado.
Seu Alvino trabalha como administrador do Pinheirão há mais de sete anos. Andando pelo gramado com a reportagem, mostra o boletim de ocorrência, lembra dos tempos áureos e arranca a erva daninha com a mão, na esperança de que um dia a bola volte a rolar por ali. "Seria tão bom para todos se a Copa fosse aqui, né?", diz.
Em meio a tudo isso a FPF ainda tenta na Justiça a liberação do local, mas agora para uma nova atividade. Imagina ganhar algum dinheiro com a obra locando-a para missas e shows.
"Já tivemos várias propostas, mas rejeitamos pela proibição", afirma Vinícius Gasparini, o advogado da FPF.
A entidade, no entanto, não tem muita esperança de conseguir a liberação antes do fim do ano. O motivo é a necessidade de um laudo do Corpo de Bombeiros mais a renovação do alvará com a prefeitura. E como a Federação deve, por suas contas, cerca de R$ 5 milhões de IPTU, a licença só poderá sair depois de um acerto de contas.
"Já pedi para que fossem reunidas todas as execuções do município para fazer uma composição (parcelamento da dívida). Mas devemos conseguir usar o local no ano que vem", avalia Gasparini o estádio também está penhorado pelo INSS por uma dívida de cerca de R$ 15 milhões (segundo cálculos da FPF), mas esse caso não influi na pendência atual.
Antes de pagar a conta, no entanto, é necessário conseguir o laudo. Para isso, fazer a manutenção, estimada que dure no mínimo 3 meses. Mas mesmo que algumas partes da praça esportiva estejam liberadas para funcionar (o caso do Tribunal de Justiça Desportiva, os banheiros do lado de fora e a sala de árbitros) a justiça mantém bloqueada qualquer outra ação no local.
O impasse faz a situação do Pinheirão ser ainda pior que a de seu pai adotivo. Onaireves Moura ao menos tem data marcada para retornar ao futebol, daqui a seis anos. Do Pinheirão, pelo estado atual, sabe-se lá o que será feito e quando.
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