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| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

Frustração

Coritiba ficou bem perto de comprar o estádio da FPF

André Pugliesi

Arrematada ontem, a área onde está o Pinheirão esteve muito próxima de abrigar um novo estádio do Coritiba. Entre agosto e novembro do ano passado, a FPF e um representante do clube e de investidores negociaram a compra do estádio, que acabou fracassada por causa de desentendimentos nos bastidores.

O plano era erguer no Tarumã uma praça esportiva moderna para o clube – com capacidade para 45 mil pessoas, ao custo de R$ 440 milhões – e um empreendimento imobiliário. Em troca da arena, o Alviverde cederia o Couto Pereira. A baiana OAS foi uma das empreiteiras que se candidataram a participar da construção.

Durante todo o desenrolar da história, o Coxa negou o interesse na mudança de endereço. Até hoje, o clube afirma ter a intenção de reformar o Alto da Glória – e tem promovido constantemente melhorias em seu estádio. Apesar disso, segue à procura de um terreno para construir uma nova casa.

  • João Destro, de 67 anos, bate o martelo e compra o Pinheirão: investimento futuro

Nem uma construtora ou grande empreiteira. O Pinheirão foi arrematado em leilão na tarde de ontem por uma empresa de agro­­em­­preendimentos. Após o lance final, de R$ 57,5 milhões, o acionis­­ta majoritário da JD Agricultura e Participações Sociais Ltda., João Destro, 67 anos, confessou não saber ao certo o que fará com a área de 124 mil metros quadrados que abriga o estádio, leiloado por causa de uma dívida de R$ 2,5 milhões da Federação Paranaense de Futebol (FPF), dona da área, com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

"Comprei no impulso [risos]. Vamos fazer um estudo de área com as secretarias da prefeitura para ver o melhor aproveitamento", destacou Destro, que teve de assinar na hora, como garantia, um cheque no valor do arremate. Ele disputou o terre­no, com lance mínimo acima de R$ 34,5 milhões, com pelo me­­nos três grupos distintos.

O empresário, que também é suplente de deputado federal, porém, não descarta a possibilidade de reativar o complexo esportivo – o Pinheirão está interditado pela Justiça desde 2007 e há duas semanas também foi a leilão, com lance mínimo de R$ 69 milhões, mas não recebeu nenhuma oferta.

"É um investimento de fu­­­­turo. Curitiba é um centro muito interessante pela qualidade de vida que existe aqui. Pode ser até um grande estádio, uma grande praça de eventos. Tudo é possível", disse ele, que é natural de Cascavel, Região Oeste do estado.

Apesar do entusiasmo, Des­­tro admite que o negócio é complexo, já que o arremate pode até ser cancelado devido às duas ações judiciais em trâmite movidas pela FPF. A entidade entrou com pedidos de agravo de ins­­trumento para evitar o leilão.

Por decisão do desembargador Álvaro Junqueira, do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, ficou determi­­nado o aviso aos compradores de que o leilão está sendo contestado na Justiça. Assim, o valor da compra foi depositado integralmen­te em juízo. "Tivemos conver­sas [com a FPF] para entender o andamento dos recursos e até que ponto isso pode influenciar no leilão", revelou Destro.

Procurado pela Gazeta do Povo, o presidente da FPF, Hé­­lio Cury, informou que ainda não sabe se irá contestar a venda pública. "Vamos ter uma posição até segunda-fei­­ra. Até lá, não vamos nos pronunciar sobre isso", disse.

Negócio milionário não zera as dívidas da Federação

Os R$ 57,5 milhões pagos ontem à tarde pela em­­presa JD Agricultura e Participações Sociais Ltda., grupo empresarial de Cascavel, para comprar o Estádio Pinheirão não serão suficientes para sanar totalmente as dívidas da Federação Paranaense de Futebol (FPF), até então proprietária da área.

De acordo com o balanço financeiro da entidade, referente ao exercício de 2011, a dívida é de aproximadamen­te R$ 57, 7 milhões. O montante somado aos honorários do leiloeiro, de R$ 1,725 milhão (3% do valor da compra), faz com que a FPF tenha de desembolsar ainda pouco mais de R$ 1,9 milhão para zerar as contas.

Com base nisso é que a ad­­ministração Hélio Cury tentou vender o estádio – ne­­gociou com investidores ligados ao Coritiba – pelo valor de mercado, estimado em R$ 69 milhões, montante inicial do fracassado primeiro leilão (não apareceram interessados na aquisição do terreno).

Entre os principais credores da FPF, destaque para o governo federal (pouco mais de R$ 27,3 milhões), o Atlético (perto de R$ 18 milhões) e a pre­­feitura de Curitiba (cerca de R$ 7,8 milhões).

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