Frankfurt Carlos Alberto Parreira parece não ter ouvido o próprio alerta. Um dia antes da eliminação, o comandante antecipara todos os problemas do jogo das quartas-de-final. Mas não conseguiu escapar a nenhum deles.
As manjadas bolas altas, o respeitado talento de Zidane e a tranqüilidade francesa para dominar o jogo levaram o sonho do hexa ao pesadelo da queda. A previsível atuação francesa só reforçou o drama da derrota.
"Já esperávamos um jogo difícil, contra um time experiente e entre os de maior talento individual da Copa", elogiou Parreira, ainda perdido no discurso de despedida. "Tenho de ser muito sincero, é um momento difícil, duro. Eu não me preparei e ninguém estava preparado para sair da competição antes. Nosso planejamento era ir para a semi e chegar à final", comentou.
Ele assumiu, em discurso batido, a responsabilidade pela desclassificação. "Quando se ganha, o mérito é dos jogadores. Quando acontece a derrota, a responsabilidade é do técnico. A pergunta de vocês (jornalistas) só reforça o script", disse ele, culpado pelos torcedores pela versão alemã do trauma de 98. "Burro, burro", foi o decreto das arquibancadas.
Antes desacreditada, com uma difícil classificação ao Mundial, a França conseguiu exatamente a qualidade esperada do Brasil: crescer na hora certa. Até o jogo de ontem, o Brasil havia enfrentado apenas seleções modestas e humildes nas pretensões. "Eles fizeram uma boa partida contra a Espanha e hoje (ontem). Mereceram o resultado", reconheceu o treinador, sem uma justificativa plausível a atuação abaixo da média.
Na avaliação do comandante, o time conseguiu se impor nos primeiros 15 minutos. Depois assistiu a uma atuação francesa de gala comandada por Zizou.
Parreira tentou amenizar a desestruturação do quadrado e a não repetição da sua melhor formação na Copa, a da goleada sobre o Japão. "Ninguém pode garantir que com aquele time poderíamos conseguir um resultado diferente. Aquela equipe jogou numa outra situação, já classificada", justificou o treinador, que não se despediu da equipe. A definição do seu futuro ficará para a volta ao Brasil.
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