Afamado como “pior time do mundo”, título registrado até mesmo no Livro dos Recordes, o Íbis Sport Club vive seu melhor momento em quase duas décadas e passa por sentimento semelhante a uma “crise de identidade”. O time é líder e está invicto na Série A2 do Campeonato Pernambucano, o que virou motivo de protesto da bem-humorada torcida em Paulista, cidade do litoral norte do Estado.
Inconformados com as duas vitórias em dois jogos até aqui no grupo A da segunda divisão de Pernambuco, torcedores rubro-negros expressaram toda sua revolta em pichações pela cidade. “Fora diretoria”, pedia uma delas. Como de costume, o perfil oficial do Íbis no Twitter levou na brincadeira e divulgou a mensagem na rede social, dando razão à torcida.
“Ontem vencemos a 2ª seguida, somos líderes, invictos e o que a torcida (com razão) faz? #Protesto”, publicou o time no Twitter.
O bom momento é evidente. Quando venceu o primeiro jogo na Série A2, o Íbis quebrou jejum de dois anos. E caso vença o Ferroviário do Cabo no próximo domingo (24), igualará a maior série de vitórias em sua história -foram três seguidas em 1997. O que estaria acontecendo, então, com o clube que ganhou a alcunha de “pior time do mundo” no início da década de 1980 porque ficou 3 anos e 11 meses sem vencer uma partida de futebol? O clube não teme perder o posto que conquistou ao custo de tantas derrotas?
Segundo o presidente do Íbis, Ozir Ramos Junior, 60 anos, o rótulo só fez bem para o clube, mas não passa de gozação. Ele acredita ter reunido um bom grupo para a competição e sonha com o acesso à primeira divisão estadual.
“Essa brincadeira de pior time do mundo só nos trouxe coisa boa, deixa o Íbis vivo, em evidência, mas foi na década de 1980. Naquela época fomos o pior de Pernambuco, mas hoje não somos, é só marketing, só trouxe benefício, por isso a gente não liga, mas não levamos isso para dentro de campo, a gente entra para vencer. Esse grupo está muito focado, unido, encarou a responsabilidade. Ano que vem fazemos 80 anos e queremos chegar na primeira divisão”, contou Junior ao UOL Esporte.
“Esse ano trouxemos o professor Ricardo [de Souza], que era da várzea, para o profissional. Ele encarou com muita seriedade e dedicação, conseguiu reunir um grupo forte, jogadores experientes, Bebeto, Thiago Santos, jogadores com carreira no futebol de Pernambuco. Esse pessoal agarrou esse projeto com unhas e dentes e prometeu que iria botar o time na primeira divisão”, acrescentou o presidente do íbis, que até hoje é administrado pela família Ramos.
Apesar de todo o marketing que a alcunha de “pior time do mundo” proporcionou ao clube, o Íbis convive com sérias dificuldades financeiras. Não há um patrocinador para o time, que também por isso não tem folha de pagamento, apenas “ajudas de custo”.
“O Íbis hoje não tem patrocínio de ninguém, ninguém. Um time conhecido no mundo inteiro, todo dia tem mídia, fácil de vender imagem E não precisa de muita coisa não... Juntando dois, três, quatro empresários, a gente faz um trabalho bom”, diz Junior.
“Nossa folha é uma ajuda de custo. Aqueles que necessitam mais, a gente dá mais, não tem um valor exato, R$ 50 mil, R$ 70 mil. Não, não, não, muito longe disso, a gente dá uma ajuda de custo. A gente não deixa acabar porque corre nas veias. O clube foi fundado por meu avô, vamos levando enquanto eu tiver forças. Mas a gente tem dificuldade até pra inscrever atleta, que custa 550 reais. Para gente é caro, não e fácil. Tem equipes [na Série A2] com muito mais condições, só sobe um para primeira divisão, mas vamos tentar”, completa o presidente do Íbis, pássaro da mitologia egípcia que estampa o escudo do clube.
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