Artigo
Protagonista usa discurso contraditório
Adriano Ribeiro, repórter
O bom mocinho Oscar Pistorius tornou-se um vilão nos últimos dias. Desde a semifinal dos 200 metros, no sábado, ele ficou incomodado com o brasileiro Alan Fonteles correndo na casa dos 21 s. Depois de perder a final, um dia depois, o sul-africano estourou de vez: disse que a prova foi injusta e que as próteses de Fonteles não deveriam ser aceitas. Palavras justamente de quem, para disputar a Olimpíada, brigou muito para convencer a Federação Internacional de Atletismo que as próteses não trazem vantagem extra.
De repente, Pistorius está do lado inverso, dando a entender que o brasileiro não teria o talento para vencer: teria conseguido apenas por causa de um suporte mais alto utilizado, ou seja, por causa da tecnologia e não de uma capacidade pessoal técnica. Uma ideia que desvalorizaria a prova.
Ninguém discute que Pistorius é o protagonista da Paralimpíada e o principal chamariz para a competição. Mas, nessa, ele foi mal. Mostrou que não estava preparado para perder na prova que classificou, antes dos Jogos, como a sua favorita. Espero que a derrota o deixe "mordido" para vencer outras provas e, novamente, virar notícia pelo que faz nas pistas e não pelo que fala nos microfones.
Londres - Alan Fonteles diz que se lembra apenas de alguns flashes da prova dos 200 m, em que superou a grande estrela paralímpica Oscar Pistorius. No entanto, o dia seguinte ao triunfo não será esquecido tão cedo. O jovem de 20 anos virou o assunto da hora. Pela manhã, ele recebeu a medalha de ouro. Depois, sempre muito assediado, passeou com o prêmio no Parque Olímpico. Todos queriam saber mais do paraense que desbancou o recordista mundial e até então bicampeão paralímpico da prova.
"Não tem coisa melhor do que esse reconhecimento. Era meu sonho conseguir uma medalha de ouro individual", declarou o campeão. Após as críticas que fez às próteses do brasileiro por considerá-las muito longas Pistorius, em um comunicado, pediu desculpas para Fonteles. "Não quero atrapalhar ninguém e peço desculpas pelo momento em que fiz os comentários. Eu acredito que [o tamanho das próteses] é um assunto para ser debatido, mas concordo que foi errado explanar minhas reclamações logo depois de ter saído da pista", disse o sul-africano que, após Jogos, deve voltar a discutir o assunto com o Comitê Paralímpico Internacional. "Esse é o momento do Alan e quero deixar claro o respeito que tenho por ele", completou.
Pessoalmente, porém, não trocaram muitas palavras. "Antes da premiação, ele [Pistorius] ficou uns 40 minutos falando no telefone. Estava bastante abalado. Em nenhum momento ele olhou direto para mim", contou Fonteles. O brasileiro volta às pistas amanhã, nas eliminatórias dos 100 metros (categoria T44), onde reencontrará o sul-africano. "Fiquei chateado com todas as declarações, mas tudo já passou. Ele ainda é um ídolo para mim e espero disputar muitos títulos com ele", disse.
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