Arena da Baixada desafia a segurança pública no domingo. Coronel promete “um monte” de homens na rua e no estádio| Foto: Daniel Derevecki/ Gazeta do Povo

Atleticanas

Susto

Cinco jogadores do Atlético e integrantes da diretoria e comissão técnica passaram sufoco no Caranguejão, domingo, no final do jogo com o Rio Branco. Um grupo de torcedores ameaçou agredir o grupo que acompanhava a partida das arquibancadas. Seguranças do Atlético e policiais militares impediram uma confusão ainda maior.

Festa

A torcida está preparando mais um mosaico, com tema ainda surpresa, para o Atletiba deste domingo. A imagem deve ser montada no setor Buenos Aires. Um dos maiores colaboradores para a compra dos materiais foi o goleiro Neto, que doou uma de suas camisas para ser "rifada".

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Alviverdes

Prioridade

O torcedor comum do Coritiba tem poucas chances de acompanhar o Atletiba na Arena da Baixada. Toda a cota de ingressos do time do Alto da Glória será destinada aos sócios. O torcedor não associado só terá acesso à compra se sobrarem bilhetes.

Exemplo

O envolvimento do técnico Ney Franco com o Coritiba saiu das quatro linhas e se estendeu às arquibancadas do Couto Pereira. O treinador alviverde é o mais novo associado do clube. Segundo ele, esta é uma maneira de ajudar o Coxa neste momento delicado, sem ficar restrito ao comando da equipe. "Vejo a campanha (de marketing) do Coxa, fiquei sensibilizado e vim contribuir", explicou.

"Clássico é guerra"

Em 2009, o histórico do confronto entre torcedores de Atlético e Coritiba foi um dos mais marcantes no quesito falta de segurança. Relembre:

Uma morte

O estudante de Direito e torcedor do Atlético João Henrique Mendes Xavier Vianna, 21 anos, morre após ser atropelado por um torcedor do Coritiba, quando voltava para a Arena, depois do clássico disputado dia 25 de outubro, no Couto Pereira. Vianna e o estudante André da Silva Zerbinati, 22 anos, foram atingidos pelo Celta dirigido pelo estudante de Administração Krystopher Martins Salvador Lopes, que teria avançado sobre a torcida adversária. O motorista apresentava sinais de embriaguez. A defesa alega que ele foi ameaçado pelo grupo atleticano.

28 ônibus

No dia do mesmo jogo, vencido pelo Coritiba por 2 a 1, a Urbs registra intenso quebra-quebra de ônibus na cidade: 28 veículos são danificados e o prejuízo é de R$ 6,3 mil ao patrimônio público.

Várias brigas

Em 19 de julho, um grupo de coxas e atleticanos entra em conflito na Rua Baltazar Carrasco dos Reis, com uso de paus e pedras. Na Arena, a munição era outra. Torcedores conseguiram entrar com dezenas de bombas caseiras. O arremesso dos artefatos no intervalo foi registrado na súmula do árbitro Wilson Luiz Seneme. Os clubes foram condenados com a perda de um mando de campo. Mesmo absolvidos posteriormente, no pleno do STJD, já haviam cumprido a punição.

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O histórico recente potencializa o receio para o maior jogo local. Atlético, Coritiba e a Polícia Militar recorreram ontem ao mesmo adjetivo para definir o clima que antecede ao próximo Atletiba: tenso. E a resposta ao temor será o rigor. O tradicional reforço na segurança terá mudanças no domingo.

O clássico volta ao estádio ru­­bro-negro após a chuva de bombas do ano passado. Será o primeiro encontro entre as equipes depois da morte de um torcedor atleticano no confronto de 2009. Será também o maior teste de segurança desde o pior episódio de vandalismo do futebol paranaense, em dezembro, no Couto Pereira.

Motivos suficientes para novas e reeditadas medidas preventivas serem adotadas para coibir incidentes. O comandante do Policia­­mento da Capital (CPC), coronel Jorge Costa Filho, antecipou ontem algumas das estratégias. Será proibida a entrada dos torcedores usando qualquer peça de roupa e bandeiras com referência às torcidas organizadas e respectivos comandos, além do veto a instrumentos de baterias.

Nenhum torcedor uniformizado poderá participar da escolta entre o Couto Pereira e a Arena e "quem criar qualquer problema será encaminhado imediatamente à delegacia por desobediência", alertou o coronel.

Após a invasão e ataque aos policiais no Alto da Glória, a tradicional reunião entre polícia e torcidas às vésperas de clássicos foi abolida. "Pela falta de postura que houve, não teremos mais esse tipo de procedimento. Torcedores serão tratados como torcedores e os marginais com o rigor da lei. Não queremos nenhum tipo de incidente e contamos com a denúncia da comunidade para reprimirmos os criminosos", acrescentou Costa Filho.

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A PM preferiu não informar o efetivo para domingo. "Terá policiamento de monte", resumiu o coronel. Entre os recursos da polícia estará a reutilização de cães de guarda, uma medida que havia sido suspensa nos estádios. Eles ficarão em campo e na divisão das torcidas, duplicada na Arena. Será o primeiro clássico após a inauguração do setor da Brasílio Itiberê, exigindo duas áreas de isolamento.

O serviço reservado da polícia terá homens filmando as torcidas do gramado. No Atlético, oito câmeras foram instaladas no novo espaço e no setor vistante para reforçar o monitoramento.

"A preocupação aumentou após tudo que aconteceu no Coritiba. Além dos policiais, va­­mos contratar 150 seguranças. Destes, 30 mulheres, pois no último jogo a maioria das bombas entrou com as torcedoras. Vamos intensificar e filmar as revistas na entrada", explicou o responsável pela segurança do Joaquim Amé­­rico, Jakson Barreto.

A intensa troca de rojões no último clássico da Baixada rendeu a perda de um mando de campo para cada clube. Outras medidas preventivas do mandante podem ser divulgadas nos próximos dias, após contato com a polícia.

Morosidade da Justiça deixa PM de mãos atadas

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Se a rápida prisão de boa parte dos envolvidos no tumulto do Couto Pereira, em dezembro, é motivo de orgulho para a polícia e para a Se­­cretaria de Segurança Pública do estado, a demora na pu­­nição deixa as autoridades de mãos atadas. De acordo com o co­­mandante do Poli­­cia­­mento da Ca­­pital (CPC), coronel Jorge Costa Fi­­lho, a polícia deu uma resposta à altura no episódio, mas não pode evitar que parte dos indiciados es­­teja no clássico.

"Fizemos a nossa parte. Sem con­­denação, ainda não são culpados para a Justiça. Fica complicado impedi-los de entrar sem uma ordem judicial", afirmou. A maioria dos processos está em fase inicial; alguns, nem começaram.

Segundo a secretaria, quatro vândalos ainda estariam presos, entre eles o vice-presidente da Im­­pério Alviverde Reimacler Alan Gra­­boski. Domingo, na reabertura do Couto, a segurança tentou pre­­venir a entrada dos indiciados, mas tinha apenas o nome dos en­­volvidos.