Serviço
A Corrida Secreta de Lance Armstrong, de Tyler Hamilton e Daniel Coyle. 336 páginas. Editora Seoman. R$ 36.
Todo protagonista precisa de um antagonista. Nos últimos 15 anos, Lance Armstrong foi o dono do papel principal no mundo do ciclismo, mesmo quando admitiu ter se dopado. Nesse período, coube ao ciclista Tyler Hamilton, seu compatriota, a função de algoz, sempre à sua cola nas competições. Os papéis se inverteram no final de 2012, quando Hamilton, condenado por doping em 2004, ano em que foi campeão olímpico, lançou o livro A corrida secreta de Lance Armstrong, em parceria com o escritor Daniel Coyle.
Enquanto Lance assumiu apenas em janeiro deste ano que seus sete títulos no Tour de France foram ganhos com trapaça, em setembro de 2012 Hamilton e Coyle lançaram o livro que conta os bastidores do ciclismo e da carreira de Armstrong. A versão em português chegou ao Brasil há um mês.
Hamilton foi companheiro de equipe de Lance entre 1998 e 2001. Depois, transformou-se em concorrente direto. Os dois também eram vizinhos. Em detalhes, o livro desconstrói para o público leigo o ciclismo como um esporte de superação para um esporte em que vence quem melhor usa a regra.
"Durante minha carreira, jornalistas frequentemente usaram o termo corrida armamentista para descrever a relação entre os fiscais de doping e os atletas. Isso não estava totalmente certo, pois dava a entender que os fiscais tinham alguma chance de ganhar. Para nós, não era uma corrida. Estava mais para um jogo de esconde-esconde, disputado em uma floresta, com vários bons lugares para se esconder e muitas regras que favorecem aqueles que vão se esconder", resume o ex-ciclista.
Tyler se dopou pela primeira vez em 1997. "Foi nessa época que comecei a ouvir a expressão correr paniagua [pão e água, competir sem auxílio químico]", descreve com o que chamava de "ovinhos vermelhos (cápsulas de testosterona). Usou também eritropoitina (EPO), que recebeu o codinome de "Edgar".
Conta, em um relato dinâmico, detalhes das operações de transfusão de sangue às vésperas e durante as etapas do Tour. Sua confissão, diz, não é solitária: raro era o ciclista do primeiro pelotão que não fez uso de substâncias proibidas.
Conta também as mirabolantes operações para chegar aos "ovos", "edgares" e transfusões. Em um Tour, Lance contratou um motoboy para levar os produtos até ele; Tyler seguia metodicamente um ritual para se livrar dos resíduos quebrar as cápsulas de vidro, enrolá-las em papel antes de jogá-las na latrina.
O ciclismo tem sua própria omertà o código de silêncio. Tanto que os ciclistas nunca falavam sobre doping abertamente e, mesmo quando o assunto rondava, negar era a regra. Tyler quebrou-a em 2010, quando se tornou uma das testemunhas das investigações do governo norte-americano sobre as suspeitas de doping de Lance.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas
Deixe sua opinião