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Apesar da ajuda do Ministério, LNB sofre com perda de patrocínio estatal
O apoio do Ministério do Esporte ao basquete brasileiro estendeu-se à Liga Nacional de Basquete (LNB), em dois convênios que totalizam um valor de R$ 10 milhões, para financiar duas edições da Liga de Desenvolvimento de Basquete (LDB), competição para equipes com atletas até 22 anos, e para comprar equipamentos para 19 clubes.
Se o aporte ajuda o desenvolvimento do esporte, não resolve a principal urgência: a pouco mais de dois meses de começar sua principal competição, a LNB ainda não encontrou um novo patrocinador master para o Novo Basquete Brasil (NBB), que perdeu o apoio da Eletrobras no final de 2012. Outro apoiador, a Caixa Econômica Federal, ainda não confirmou se renovará o contrato para a sexta edição do campeonato, que começa em novembro.
"Estamos no prazo certo de captar patrocinadores. As empresas fazem suas programações orçamentárias entre agosto e setembro, é uma luta contínua", ameniza o presidente da LNB, Cássio Roque.
Este ano, o NBB terá 17 equipes, depois de baixas como o Fluminense, que iria disputar o campeonato como convidado, mas não conseguiu patrocinador. Também pediram afastamento da disputa o Joinville e o Cecre/Vitória. A primeira rodada será em 9 de novembro.
Nenhuma outra modalidade recebeu tanto dinheiro público este ano como o Basquete esporte atolado em problemas financeiros.
Vindos do Ministério do Esporte, a Confederação Brasileira de Basquete (CBB), responsável pelas seleções nacionais e pelos campeonatos nacionais das categorias de base, vai receber R$ 14 milhões.
Ao todo, a entidade terá em apoios cerca de R$ 25 milhões para 2013, entre convênios com o Ministério do Esporte, repasses do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e o patrocínio da estatal Eletrobras. Mas tem um déficit crescente e incerto.
Apesar de o investimento ser destacado pelo Ministério como o maior aporte já feito no basquete, o esporte está longe de sua melhor forma quando o tema é dinheiro em caixa.
O presidente da entidade, Carlos Nunes, admite um saldo negativo, mas não sabe precisar no que o valor foi gasto. "Temos competições das seleções, a organização dos campeonatos brasileiros", resume. A assessoria de imprensa da entidade, através de nota enviada à Gazeta do Povo, diz que o passivo é de R$ 5.753.271, valor que consta no balanço financeiro de 2012.
Para acertar as contas, calcula o dirigente, bastariam R$ 4,2 milhões, para compensar a redução do patrocínio da Eletrobras, que caiu de R$ 15 milhões para R$ 9,9 milhões em 2012 (para este ano, ficou em R$ 7,5 milhões), em uma matemática que não fecha.
O presidente da Federação Paranaense de Basquete (FPB), Amarildo Rosa, estima que, de março até agora, esse valor negativo subiu para R$ 9 mi. Ele foi um dos principais apoiadores da eleição (2009) e da reeleição de Nunes em março deste ano, mas se afastou do cargo de conselheiro da presidência da confederação em julho alegando que "chegou um momento que não dava mais" a situação.
"Pensei: daqui a pouco vão estourar as coisas e não quero estar como conselheiro. As pessoas pensam que o conselho é deliberativo, mas é apensas consultivo. Fizemos fortes solicitações de que fossem minimizados gastos com as despesas com a folha de pagamento. A gota d'água foi ver que as decisões estavam sendo tomadas sem que o conselho soubesse. Faltou transparência", diz. Em 2012, a CBB gastou R$ 12, 5 milhões com despesas de pessoal e administrativas, enquanto R$ 11 milhões foram investidos em competições.
"Tem ainda a questão de empréstimos a bancos não pagos [em junho, o Itaú entrou na Justiça pedindo o pagamento de um empréstimo feito pela CBB no começo de 2012 no valor de R$ 3 milhões. As duas instituições entraram em acordo em julho]", destaca o presidente da federação do Maranhão, Manoel Cid Lorenzo Costa Castro, um dos poucos a questionar a reeleição de Carlos Nunes.
"Na época da eleição, falei isso tudo para o Amarildo. Não entendo esse movimento dele agora. Aprovaram as contas da CBB. Na votação, 21 federações apoiaram [o Nunes]. Até agora não tive acesso aos gastos da CBB. A confederação gasta mais do que tem. Como é que tem R$ 25 milhões de receita e ainda assim tem débito?", dispara Castro, candidato à vice-presidente na chapa de oposição no último pleito.
"É uma situação transitória, vamos resolver isso nos próximos meses, estamos buscando um novo patrocinador", promete Nunes.
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