A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) anunciou nesta sexta-feira a saída de Ary Graça Filho da presidência, após denúncias de supostas irregularidades nos contratos de patrocínio da CBV com o Banco do Brasil. De acordo com reportagens da ESPN Brasil, pelo menos R$ 10 milhões podem ter sido pagos como comissão a terceiros de forma indevida.
Ary Graça presidia a CBV desde 1995, mas estava licenciado do cargo desde que se tornou presidente da Federação Internacional de Vôlei (FIVB), em dezembro de 2012. Sua saída confirmou a efetivação de Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca, que vinha ocupando a posição de "presidente em exercício".
A renúncia de Ary Graça foi confirmada durante a Assembleia Geral Ordinária da CBV, realizada em João Pessoa (PB). Segundo a entidade, ele teria anunciado sua saída em carta enviada em dezembro do ano passado. No entanto, a carta só teria sido referendada nesta sexta durante a Assembleia que reuniu 26 dos 27 presidentes das federações estaduais.
Ao ser confirmado no lugar de Graça, Pitombo Laranjeiras prometeu uma gestão transparente. "Quando assumimos, estabelecemos uma linha reta de conduta e não nos afastaremos em hipótese nenhuma", disse o novo presidente da CBV.
O dirigente assume o cargo oficialmente no momento em que a entidade virou alvo de graves denúncias de irregularidades em contratos de patrocínio. De acordo com a ESPN Brasil, a SMP Logística e Serviços Ltda, empresa pertencente a Marcos Pina, ex-superintendente-geral da CBV, receberia R$ 10 milhões a título de "remuneração relativa aos contratos de patrocínios firmados entre a CBV e o Banco do Brasil" no período de cinco anos, de abril de 2012 a abril de 2017.
O pagamento, previsto para acontecer em 60 parcelas, começou no segundo semestre de 2012. O Banco do Brasil, no entanto, esclarece "que o contrato de patrocínio às seleções de vôlei foi firmado diretamente com a CBV". Pina colocou o seu cargo à disposição no mesmo dia da publicação da reportagem, atendendo a pedido da presidência da CBV.
Na terça-feira, a ESPN Brasil divulgou outra denúncia, segundo a qual o mesmo patrocínio do BB rendia outra comissão de R$ 10 milhões. Esse dinheiro beneficiaria a "S4G Gestão de Negócios", que pertence a Fábio André Dias Azevedo, que é hoje diretor geral da FIVB. Antes de ser levado à entidade maior do vôlei mundial, em cargo imediatamente abaixo do ocupado pelo próprio Graça, Azevedo era superintendente da CBV.
A assessoria de imprensa da CBV negou que houvesse intermediação entre CBV e BB. "Os contratos entre a Confederação Brasileira de Voleibol e o Banco do Brasil não preveem nenhum tipo de intermediação. A CBV reafirma que jamais houve esse tipo de prestação de serviço nos seus contratos com o banco".
As denúncias motivaram o Banco do Brasil, que patrocina a CBV com o valor de R$ 24 milhões anuais, a pedir esclarecimento à entidade. Como resposta, a Confederação anunciara que contrataria uma auditoria externa para avaliar os contratos de terceirização de serviços assinados na gestão anterior. A decisão foi referendada por todas as federações estaduais durante a Assembleia.
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