Após Pan, canoagem rema a favor da maré olímpica

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As 14 medalhas de ouro da canoagem no Pan-Americano de Toronto, entre 10 e 26 de julho, colocam a modalidade em evidência para os Jogos Olímpicos do Rio, em agosto do próximo ano.

Com apoio financeiro do governo federal, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o esporte saiu do evento continental com dois trunfos: um atleta que vai brigar por medalha e um projeto pós-2016.

Entre treinamentos, investimento em estrutura e competições nacionais e internacionais de maio de 2014 a janeiro de 2015 foi concedido pela União um total de R$ 20,7 milhões para as modalidades de canoagem e paracanoagem.

Quantia que forjou a mais nova sensação olímpica do país: o baiano Isaquias Queiroz, 20 anos. Apesar da pouca idade, é considerado um fenômeno internacional e suas vitórias lhe renderam o apelido de “monstro” entre a imprensa de todo o mundo.

Queiroz é a ponta de uma estrutura de treinamentos com sede no Paraná, onde fica a Confederação Brasileira de Canoagem.

Em Curitiba fica o maior centro de treinamento do Brasil, no Parque Náutico do Iguaçu. A capital conta ainda com a melhor das três pistas olímpicas de velocidade, além de uma estrutura de preparação fora da água – algo inimaginável antes de 2011, quando o esporte enfrentava correntezas sem apoio estatal.

A escolha da cidade como sede dos treinamentos da seleção não foi por acaso, o diretor técnico do centro de desenvolvimento da canoagem, Heros Ferreira, conta que três fatores fizeram a diferença.

“O que atraiu a gente pra cá foi primeiro a estrutura, muito superior a qualquer outra do Brasil, segundo o custo de vida mais baixo em relação ao eixo Rio-São Paulo e também a qualidade de vida que a cidade nos oferece”, garante o diretor.

O centro de treinamento de Curitiba atende cerca de 40 atletas da seleção e alguns membros da categoria de base. Os atletas de ponta contam com moradia, transporte, alimentação e acompanhamento de médicos e profissionais especializados em canoagem, tudo custeado pela CBCA.

O projeto oferece ainda um laboratório de ciência do esporte especializado. O Centro de Desenvolvimento da Canoagem (CDC) é um dos poucos locais de pesquisa esportiva no Brasil que trabalha focado apenas em uma única modalidade.

No local são desenvolvidas, todos os dias, pesquisas e análises dos canoístas em todos os sentidos, desde o equipamento utilizado até a genética dos canoístas.

No CDC o atleta ainda pode treinar fora da água, em uma academia preparada para a canoagem, e comparar seu resultado com os demais. “Ter atletas da seleção, de alto rendimento, treinando no mesmo local que os da categoria de base nos dá a vantagem de podermos comparar suas performances e enxergar o desenvolvimento de novos talentos”, conta Ferreira.

Pensando nas Olimpíadas do Rio, em 2016, o esporte já iniciou os trabalhos para desenvolver novas tecnologias. Por meio de parcerias, está sendo construído um transmissor de dados em tempo real, que será instalado nos barcos para acompanhar todos os detalhes de cada remada.

A curto prazo, a aposta é em Isaquias, que se diz sem pressão. “Na minha carreira, já conquistei um título mundial júnior, dois mundiais no adulto, pan-americano e sul-americano, agora vou em busca de uma medalha e um título olímpico inédito para o Brasil, pra mim e para a canoagem”, destaca o atleta, que desde 2013 é assediado por centros de pesquisa alemães, interessados em analisar a performance do atleta.

Isaquias realiza trabalhos pontuais com a seleção no centro de treinamento de Curitiba.