Especialidade
O tiro esportivo é disputado em três modalidades: pistola, carabina e tiro ao prato. A especialidade de Cássio Rippel é o tiro com carabina, na modalidade tiro deitado, em que usa munição real, com calibre de .22 (ponto 22, ou22% de uma polegada). Na prova, o atirador fica a 50 metros do alvo, deitado, tem direito a 60 disparos. "Minha missão é acertar, com o máximo de precisão, o centro do alvo, que não chega a um centímetro de diâmetro e está a 50 metros de distância de mim. Só isso", fala o paranaense.
"Em 2013, conseguimos quebrar todos os tabus e chegar a um nível que o tiro esportivo brasileiro nunca tinha chegado", resume o pontagrossense Cássio Rippel. Os feitos do atirador e major do exército de 35 anos na temporada o credenciam para pensar em uma medalha olímpica nos Jogos do Rio em 2016.
Embora o tiro esportivo não seja uma modalidade popular no Brasil, já rendeu ao país um pódio olímpico. Foi com uma arma em punho, aliás, que o país conquistou seu primeiro ouro nos Jogos, também com um militar. Em 1920, Guilherme Paraense, tenente do Exército, venceu a prova de tiro nos Jogos da Antuérpia, com equipamento emprestado dos atiradores dos Estados Unidos.
Quase um século depois, Rippel pretende também chegar ao topo do pódio nos Jogos do Rio em 2016. O incentivo são as marcas que atingiu neste ano: "O objetivo agora é polir a técnica para chegar em 2016 disputando os primeiros lugares e não os dez primeiros lugares", fala.
Nesta temporada, Rippel terminou o ano como o melhor atirador da modalidade carabina deitado das Américas e 12.º melhor do ranking mundial. Também bateu o recorde sul-americano durante na etapa de Milão da Copa do Mundo, ao somar 598 pontos dos 600 em disputa.
Ainda em 2013, o paranaense também somou dois quintos lugares em etapas de Copa do Mundo (Fort Benning, nos EUA; e Granada, na Espanha), fazendo finais inéditas para os brasileiros.
Como reconhecimento, na última quarta-feira, foi indicado ao prêmio de voto popular do Prêmio Orgulho Paranaense, promovido pelo governo estadual. Em uma força-tarefa entre amigos e familiares, levou 38,95% dos 23 mil votos e foi o vencedor da categoria. Nesta terça-feira, receberá o troféu de melhor atleta do tiro esportivo do ano, eleito por especialistas, na premiação anual promovida pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), o Prêmio Brasil Olímpico.
Em parte, Cássio atribui a ascensão à parceria com o técnico ucraniano Oleg Mikhailov, contratado pela Confederação Brasileira de Tiro Esportivo (CBTE) em 2010 para comandar a seleção brasileira. "Os resultados de toda a equipe estão mais consistentes. O que houve foi uma mudança de mentalidade. Ele tem a cabeça de um técnico do Leste Europeu, que já teve títulos de campeão mundial. Se estamos desbravando coisas novas para o tiro esportivo brasileiro, o Oleg já chegou lá, tenho como conversar com ele sobre como conquistar uma medalha", fala.
A maturidade conquistada em jornada iniciada em 2007, nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, também tem sua parcela de "culpa" na evolução de Rippel. No megaevento carioca, o paranaense havia trabalhado como árbitro da competição e lá conheceu o técnico da seleção norte-americana, David Johnson.
"Comecei a atirar aos 17 anos, quando ingressei na carreira militar. Em 2007, com resultados em ascensão, decidi investir, por conta própria, em algo que me permitisse evoluir tecnicamente. Conversei com o Johnson e ele me convidou para treinar lá. Fiquei um mês lá, acolhido por ele, que me ensinou os passos iniciais para o nível olímpico", conta.
Morando em Campinas, onde serve o exército e treina, Rippel destaca que o período entre 2008 e 2012 foi importante para lhe dar a consistência técnica necessária para seguir a evolução. "Passei um bom tempo trabalhando a base. Isso me deu um suporte muito bom e agora consigo polir e chegar bem em 2016", destaca.