Vista aérea do Autódromo Internacional de Curitiba, em Pinhais: estado tenta retomar o protagonismo no automobilismo nacional, recuperando o status de grande revelador de talentos| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Estado perde apenas para SP como berço para a Fórmula 1

O Paraná é o segundo maior berço de pilotos brasileiros na Fórmula 1. Até hoje, o Brasil teve 31 pilotos na categoria, com 17 deles vindo de São Paulo. A seguir, quatro nasceram no Paraná – um quinto nome, Maurício Gugelmin, é natural de Joinville (SC), mas cresceu em Curitiba e acabou "adotado" pelo estado.

O primeiro paranaense a se arriscar na F1 foi Raul Boesel, em 1982, pela March, e 1983, pela Ligier. Foram 30 provas , com o melhor resultado vindo nos GP dos Estados Unidos de 83, em Long Beach: o sétimo lugar, no entanto, não foi suficiente para pontuar, pois apenas os seis primeiros eram agraciados.

Em 1988 chegou a vez de Gugelmin, que defendeu apenas duas equipes nos cinco anos em que esteve na categoria: a March/Leyton House entre 1988 e 1991 e a Jordan em 1992. Entre os paranaenses, foi o mais bem sucedido, conseguindo dez pontos na carreira, incluindo um terceiro lugar no GP do Brasil de 1989.

O terceiro piloto do estado a aparecer foi Tarso Marques, que chegou à categoria em 1996. Com problemas de patrocínio, correu apenas dois GPs pela Minardi. No ano seguinte, nova chance na escuderia italiana. Em 2001, a terceira passagem, também pela Minardi.

Apesar de não ter conseguido nenhum ponto – seu melhor resultado foram dois nonos lugares, nos GPs do Brasil e Canadá de 2001. Tarso pode se orgulhar de um fato: em sua última temporada, teve como companheiro nada menos que Fernando Alonso. E Tarso terminou o ano na frente do espanhol.

Em 1999, foi a vez de Ricardo Zonta estrear pela BAR. Foram três pontos, de sextos lugares nos GPs da Austrália, Itália e Estados Unidos, além de dois acidentes fortes nas provas do Brasil e da Bélgica.

Em 2001, esteve presente em apenas duas etapas, com a Jordan: sétimo lugar no Canadá e abandono na Alemanha. Em 2004, foi piloto de testes da Toyota, ganhando a chance de correr cinco etapas na reta final. Sem pontuar.

O último paranaense presente na categoria máxima do automobilismo foi Enrique Bernoldi, que chegou em 2001. Correu 29 etapas, todas elas pela Arrows, que vivia situação financeira grave. Seu melhor resultado foi o oitavo lugar na prova alemã em 2001, mas o grande destaque veio em Mônaco, no mesmo ano.

Na ocasião, Bernoldi foi pressionado pela McLaren de David Coulthard por 35 voltas, não cedendo a posição de forma alguma. A ultrapassagem veio apenas na parada nos boxes. A passagem como titular na Fórmula 1 terminou de forma melancólica, com a falência da Arrows, antes mesmo do fim de 2002.

As provas com maior presença de pilotos do estado aconteceram no Canadá e na Alemanha, em 2001. Tarso, Zonta e Bernoldi alinharam ao lado dos compatriotas Luciano Burti e Rubens Barrichello. Era a época de ouro, com cinco condutores do país no grid.

Desde então, poucos paranaenses chegaram perto da Fórmula 1: em 2008, o guarapuavano Claudio Cantelli participou da Fórmula Renault 3.5 Series, uma das últimas categorias de acesso à F1, sem obter resultados relevantes. Em 2013, Pietro Fantin chegou à mesma categoria, na qual corre até hoje. Na última temporada, terminou na 15.ª posição.

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O automobilismo paranaense sempre se destacou no Brasil como um polo revelador de talentos. Alguns chegaram à Fórmula 1. O auge ocorreu em 2001, quando o estado foi representado por Ricardo Zonta, Enrique Bernoldi e Tarso Marques na mais famosa categoria de carros do mundo.

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Bons tempos que ficaram na saudade. Desde 2005, quando Zonta deixou a categoria, nunca mais o Paraná foi representado na F1.

Uma realidade que, diga-se, não é muito diferente no restante do país. Nos dois últimos anos, apenas um brasileiro correu com um F1: Felipe Massa, ex-Ferrari e atualmente na Williams – em 2015 ele terá a companhia de Felipe Nasr, que acertou com a Sauber.

A falta de protagonismo local, porém, pode mudar. É que o curitibano Pietro Fantin, 23 anos, percorre passo a passo o caminho que leva os pilotos à F1.

Começou no kart em 2007, passou para a categoria de monopostos em 2010. "Fui direto do kart para a Fórmula 3, mas a maioria dos pilotos passam pelas categorias como Fórmula Renault 2.0, F-BMW, Fórmula Abarth", explica. "Infelizmente não tive nenhum suporte para minha formação no Paraná", critica.

Essa mudança fez com que Fantin enfrentasse dificuldades na adaptação à nova categoria. "A Fórmula 3 é completamente diferente do kart. A pressão aerodinâmica, o método das freadas e como controlar os pedais, o tempo de reação, e a reação do próprio carro são bem diferente", avalia.

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Após dois anos na Fórmula 3, hoje disputa a Fórmula Renault 3.5 World Series, espécie de laboratório de talentos para a F1 – os dois últimos campeões, Kevin Magnussen e Carlos Sainz Jr (estreia em 2015), migraram para a categoria principal. "É bom ver os pilotos que ganharam na Fórmula 1. Mostra que a categoria possui um nível competitivo", diz Fantin.

Na última temporada, o curitibano obteve um pódio e terminou a temporada em 15.º, com 34 pontos. Desempenho que lhe valeu a renovação de contrato. "Espero ter um ano excelente para que em 2016 as portas se abram também para mim", reforça, lembrando que em muitos casos o automobilismo é mais "dinheiro do que talento".

Outro jovem piloto do estado, Gabriel Casagrande, 19 anos, chegou a ir para a Europa, mas decidiu retornar ao Brasil com um foco diferente: é o segundo piloto mais jovem da Stock Car, competindo contra figuras conhecidas como Rubens Barrichello e Cacá Bueno.

Campeão brasileiro de kart em 2012, pulou logo na sequencia para a Fórmula Renault europeia. A saudade de casa aliada à falta de apoio e dinheiro para viver no Velho Mundo pesaram no retorno ao Brasil.

"Foi mais uma decisão emocional do que outra coisa", diz. "Optei por viver a vida perto da família, dos amigos e ainda aproveitar que nosso país tem uma das categorias mais competitivas do mundo", explicou Casagrande, que conta com um tutor de nome, o também paranaense Júlio Campos, companheiro de Stock Car.

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"O Júlio me guiou desde que cheguei de volta ao Brasil. Ele me colocou na categoria de acesso que é o Brasileiro de Turismo, e em um ano achou que eu estava pronto pra Stock Car", revela.

"Minha família era contra as corridas no começo, mas depois que pegaram gosto me acompanham em todo lugar", diz Casagrande.

Para o futuro, espera competir em alto nível na Stock. A Fórmula 1 já é vista como passado. "Tendo em vista que tem pilotos chegando lá com 17, 18 anos, eu com 19 já me considero sem chance", diz, sem expressar arrependimento.

Para Casagrande, não faltam talentos no estado, tampouco kartódromos com estrutura. "Nós temos muitos pilotos novos e promissores mas que acabam fora do automobilismo por falta de patrocínio", diz.

"Sempre gostei de toda e qualquer corrida de kart que participei aqui na região, mas acho que a falta de apoio faz mal para o esporte", complementa.

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