Planos para 2015
Federação planeja Liga para formar novos ciclistas
Nova sede e criação de calendário próprio pretendem movimentar o cenário do ciclismo paranaense
A Federação Paranaense de Ciclismo t(FPC) em 1,2 mil filiados, porém menos de 200 podem ser considerados atletas de elite. Uma conta que entidade pretende refazer a partir do ano que vem, com a criação de um novo calendário de provas parte central de um plano de reestruturação.
O principal projeto é a criação da Liga Pró-Paraná. Trata-se de um circuito, gerenciado em parceria com o governo estadual, com provas por todo o Paraná e a participação de cerca de 150 ciclistas. A ideia é trazer para casa atletas que passam boa parte do ano competindo em outros estados. Com mais provas, pretende-se criar um ciclo de competitividade permanente e crescimento no ranking brasileiro.
"Esse é o conceito que a gente está trabalhando, de resgate da modalidade com um patamar olímpico. Só vamos ser grandes se tivermos competições grandes", almeja o presidente da Federação Paranaense de Ciclismo (FPC), Adir Romeo.
Segundo o dirigente, a grande marca do Paraná ainda é ser considerado um celeiro do ciclismo brasileiro. "Temos um campeão mundial, títulos pan-americanos e ainda um atleta que ganhou uma etapa do Tour de France. Além disso, em qualquer tipo de competição há sempre um paranaense no pódio", aponta, reforçando a importância dos jovens talentos, que conquistaram cinco medalhas das seis corridas disputadas nos Jogos Escolares, realizados em João Pessoa no início do mês.
O plano de reestruturação do ciclismo no estado também passa por investimento na formação de treinadores e árbitros.
Alessandro de Oliveira não tem a conta exata de quantos colegas perdeu em mais de 20 anos de pedal. Ciclistas que, na falta de opção na cidade, foram para o acostamento de rodovias, especialmente a BR-277, para realizar treinamento de alto rendimento.
"Já perdemos muita gente na estrada, mas para fazer os treinos de relevo, trechos de serra e subidas, é preciso que seja na rodovia. Sabemos que é bastante perigoso, com o trânsito intenso e a falta de respeito dos motoristas, mas ainda assim é um risco que corremos", pondera o ciclista de 37 anos, integrante da equipe da Sociedade Morgenau.
Inevitável para ciclistas de ponta, o treinamento em rodovia ganhou uma alternativa igualmente veloz e mais segura, porém menos seletiva. Duas vezes por semana, o Autódromo Internacional de Curitiba, em Pinhais, está aberto para as bicicletas. São duas faixas de horário, às terças e quintas-feiras, das 6h às 8h e das 18h às 20h. Iniciantes, atletas de ponta em busca de um treino menos intenso e cicloativistas ocupam a pista com extensão total de 3.695 metros, 15 metros de largura e reta de chegada medindo quase um quilômetro.
"Ter um espaço longe do trânsito permite que até pessoas com um pouco menos domínio da bicicleta possam fazer seus treinos. Assim ele se torna um local que agrega jovens atletas e iniciantes", aponta Adir Romeo, presidente da Federação Paranaense de Ciclismo. O AIC está a 10 quilômetros do Centro de Curitiba.
Não há desníveis consideráveis para o treino de subidas, o que torna a prática mais apropriada aos atletas focados em velocidade. Nas terças e quintas, os ciclistas promovem o famoso "rachão", em que centenas de ciclistas se encontram para treinar, confraternizar, pedalar e, claro, buscar o primeiro lugar, mesmo que de maneira amistosa.
Ciclistas treinam no Autódromo de Curitiba
Pelas características do espaço e até pela localidade, o autódromo também se torna uma opção melhor que o velódromo, no Jardim Botânico. Principalmente nos finais de semana o velódromo acaba sendo ocupado por ciclistas amadores, famílias e crianças do Clube Educacional da Bicicleta, projeto da Secretaria de Esporte e Lazer de Curitiba voltado para meninos e meninas de 7 a 12 anos. "O autódromo é largo e extenso, o que também comporta um maior número de pessoas, e equipes inteiras podem fazer treinos mais específicos para as competições", acrescenta Romeo.
Ainda assim, o presidente da federação admite que o treino na BR acaba sendo a melhor opção para muitos atletas. "Apesar dos perigos, e da facilidade em poder treinar no autódromo, a estrada se faz necessária quando você tem um plano de treinamento de fundo, mais intenso, que precise da variação da topografia", pondera. "O problema é que nos fins de semana, o acostamento vira praticamente uma ciclovia, com dezenas de ciclistas, o que torna mais perigoso", aponta Evandro Portela, de 37 anos, também da Sociedade Morgenau.
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