O primeiro grande desafio do atletismo brasileiro no ciclo olímpico para os Jogos de 2016 começa na madrugada deste sábado, com a disputa do Campeonato Mundial em Moscou. Para a Rússia, o Brasil carregou na bagagem o peso do fraco desempenho em Londres-12 e o pouco tempo para formar uma equipe forte para os Jogos do Rio.
Assim, a meta da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) é para que os 32 atletas consigam alcançar o máximo de finais nas 22 provas que o grupo irá disputar na Europa. Depois, seguir um "plano emergencial" para a preparação da seleção olímpica.
O foco é evitar a pressão sobre os atletas. "Não queremos sobrecarregá-los. O negócio é ter o máximo de finalistas", afirmou o superintendente para Alto Rendimento da CBAt, Antonio Carlos Gomes, sem arriscar superar as seis finais que o país disputou no último Mundial, em Daegu (2011).
Na delegação, 17 atletas (53% do total) competiram na capital britânica há um ano. Foram apenas três finais, nenhuma medalha: Geisa Arcanjo, no arremesso de peso; o revezamento 4x100 m feminino; e Mauro Vinícius da Silva, o Duda, no salto em distância.
Duda é, na opinião do técnico-chefe da delegação, Ricardo DAngelo, a principal aposta de pódio. "Ele sabe que perdeu uma grande oportunidade de ser medalhista em Londres e não vai querer desperdiçá-la novamente", afirmou. Na final olímpica, Duda pulou 8,01 metros na final e ficou com o sétimo lugar. Este ano, tem a quinta melhor marca do ano (8,31 m).
Outra modalidade em que o Brasil tenta chegar ao pódio é o salto com vara. No feminino, Fabiana Murer, ouro em Daegu, evita falar em bicampeonato. Neste ano, sofreu com lesões e, no Troféu Brasil, saltou 4,73 m, longe de sua melhor marca (4,85 m). "Meu primeiro objetivo é passar à final. Depois, ir passo a passo", planeja. Ela terá um páreo dificílimo: a russa Yelena Isinbayeva faz sua última competição antes da aposentadoria. Não bastasse, Fabiana também enfrenta a atual campeã olímpica, a norte-americana Jennifer Suhr, e a cubana Yarisley Silva, que tem o melhor índice do ano (4,90 m).
No masculino, o Brasil terá três representantes no salto com vara: Augusto Dutra, Thiago Braz e João Gabriel Souza Santos. Os dois primeiros têm grandes chances de avançar à final. A marca de corte é 5,70 m, altura que os dois já ultrapassaram na temporada Augusto é sétimo e Thiago, o quinto do ranking.
Outro destaque vai para a velocista Ana Cláudia Lemos. Neste ano, bateu duas vezes o recorde sul-americano dos 100 m (a marca atual é 11s05). Ela é uma das peças-chave do revezamento 4x100 metros, apontado como candidato à final.
Mas as ausências na delegação também chamam a atenção, especialmente na pista: no feminino, o país não tem nenhuma fundista nos 1.500 m, nos 5.000 m, nos 10.000 m, maratona ou marcha. No masculino, faltam atletas nos 100 m e terá apenas dois maratonistas e um marchador nas provas de fundo. Na madrugada deste sábado (horário de Brasília), os brasileiros começam a competir nas fases classificatórias. Serão sete atletas no primeiro dia de campeonato, que segue até o dia 18.
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