Shopping center, hotel, edifícios comerciais, garagens verticais, supermercado, além de um circuito mais enxuto e moderno. Essa é proposta de um grupo de pessoas ligadas ao automobilismo para evitar que o Autódromo Internacional de Curitiba (AIC) seja vendido para se tornar um condomínio residencial. Pinhais GP Arena é o nome sugerido para o complexo, cuja estimativa de investimentos ultrapassaria os R$ 100 milhões.
O risco da negociação que acabaria com uma das melhores pistas do Brasil, segundo os próprios pilotos, causou uma mobilização no último fim de semana, quando a Stock Car desembarcou na cidade pela terceira vez em 2015.
Um jantar em um restaurante no Batel, na noite da última sexta-feira (16), reuniu o sócio-proprietário de 50% do AIC, Fortunato José Guedes, o empresário e ex-secretário de governo Edson Casagrande, pai do piloto Gabriel Casagrande, e o jornalista Reginaldo Leme. O assunto principal da conversa não seria a ‘salvação’ do circuito, mas o tema acabou tomando conta da mesa.
“O assunto surgiu e o Fortunato é fundamental. Por ele, o autódromo não acaba. Não é justo terminar com um dos melhores locais para corrida que o Brasil tem”, opina Leme, que se define como uma espécie de ‘patrono’ do projeto.
“Mas se alguém chegar e quiser comprar tudo não tem o que fazer. O Peteco [apelido de Jauneval de Oms, dono da outra parte do AIC] precisa vender. Não há rendimento em relação ao investimento feito na área”, lembra Casagrande.
Por isso, há urgência para tentar reunir recursos e fazer uma proposta pela outra metade do autódromo inaugurado em 1967.
“O que existe é a formação de um grupo de investidores para talvez comprar os 50% do Peteco e ampliar o local para mais atividades esportivas, o que seria vital para a sustentação do investimento com empreendimentos comerciais e até hotel”, afirma o ex-secretário especial para assuntos estratégicos de Beto Richa.
Embrião de projeto
Antes mesmo da conversa citada acima, a agência de marketing Komm, com sedes em Curitiba, São Paulo, Bogotá e Londres, já começou a desenvolver um projeto para o autódromo. O CEO da empresa, Roger Rieger, apresentou a ideia a Edson Casagrande e agora tenta juntar investidores. A operação empresarial está a cargo da paranaense Elogy, que identifica investidores e busca incorporadores .
“Fiz a iniciativa, reuni potenciais interessados no meio internacional de esporte motor, inclusive um deles com ligação com a Yas Marina [autódromo que recebe o GP de Fórmula 1 dos Emirados Árabes Unidos]”, revela Rieger, que vislumbra um complexo com hotel, shopping center, prédios comerciais e supermercado no local, às margens da Av. Ayrton Senna, principal via de ligação ao autódromo.
Rieger também vê como necessária uma mudança no traçado do AIC. “Eu encurtaria a curva zero, a curva da vitória. Hoje só há um ponto de ultrapassagem na pista. Manteríamos a esportividade e ganharíamos uma a área maior para estacionamentos para o supermercado”, destaca o empresário, que manteria a reta praticamente como está. O kartódromo também não teria mudanças significativas.
Para Casagrande, que se pretende ser um dos investidores, a manutenção do autódromo só traria benefícios. Outras famílias de pilotos paranaenses, como Ricardo Zonta e Lico Kaesemodel, também serão convidados a participar do investimento.
“Em um fim de semana de Stock há criação de 200 empregos diretos. Desde o aluguel de banheiros químicos e mecânicos freelances a hotéis. O turismo de eventos é um dos que mais gera riqueza”, lista o empresário.
Participação do poder público
A viabilidade do projeto, porém, dependeria da participação do poder público. Para conseguir captar os investidores necessários o grupo mira incentivos fiscais.
“Não é uma ajuda financeira, mas sim a viabilização de potencial construtivo, de benefícios tributários, para que o parque possa ser construído, aproveitando melhor a área. Com isso, o plano passa a ver viável e conseguimos os investidores”, explica Leme, que estima que a reforma do autódromo, além das benfeitorias e a compra de parte do terreno, superaria os R$ 100 milhões.
“Este valor faz grande parte disso”, confirma Rieger, que calcula três anos para a obra ficar pronta.
Segundo apurou a reportagem, um interlocutor do grupo entrou em contato com o prefeito de Curitiba, Gustavo Frue t (PDT), que teria se mostrado aberto à ideia. A assessoria de imprensa da prefeitura, porém, não confirmou a informação e disse que, por enquanto, não irá se manifestar sobre o assunto.
Já o prefeito de Pinhais, Luizão Goularte (PT), indica que pode conceder potencial construtivo e outros benefícios para a mudança de cara do autódromo. “Se for uma situação boa para os investidores e boa para a cidade, estamos muito abertos a conversar e ajudar. Mas queremos ver algo mais concreto”, diz.
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