O atleta paralímpico Oscar Pistorius, que cumpre pena de seis anos pelo assassinato de sua namorada, Reeva Steenkamp, ocorrido em fevereiro de 2013, precisou deixar a prisão para ser atendido em um hospital na África do Sul por causa de lesões nos punhos. A informação foi confirmada neste domingo (7) por um funcionário da cadeia para a qual ele já retornou, em Pretória.
A mais nova notícia relacionada a Pistorius surgiu justamente quando ocorre esta fase inicial de disputas mais intensas dos Jogos Olímpicos do Rio, sendo que o astro sul-africano tinha o sonho de se aposentar no grande evento realizado no Brasil. Em Londres-2012, ele, que competia com próteses nas duas pernas, fez história ao se tornar o primeiro atleta paralímpico a participar de uma edição da Olimpíada.
Apesar da decepção de não poder competir no Rio, Pistorius negou que tenha tentado se suicidar dentro da prisão. O velocista alegou que sofreu as lesões ao cair da cama, explicou Singabakho Nxumalo, porta-voz do departamento de prisões da África do Sul.
Inicialmente, Pistorius foi atendido por um médico pessoal na prisão Kgosi Mampuru II, em Pretória, e logo foi transferido ao hospital Kalafong, informou Manelisi Wolela, outra funcionária do departamento de prisões sul-africano.
“Oscar Pistorius nega as especulações de tentativa de suicídio”, afirmou Wolela, por meio de um comunicado oficial, no qual depois enfatizou: “Por um princípio de política [do sistema prisional], não podemos falar mais sobre o estado de saúde de um detento em particular em domínio público”.
Destroçado
Já a família de Pistorius se negou a fazer comentários sobre o assunto, sendo que Pistorius foi colocado em uma cela individual da sala do hospital que fica na prisão, fato que reduz a sua interação com outros detentos.
Durante a audiência final do longo julgamento em que foi condenado, em 6 de julho deste ano, um psicólogo testemunhou para a defesa que o atleta era um homem “destroçado”, cujo estado mental se deteriorou nos últimos dois anos. Na ocasião, o profissional defendeu que o astro paralímpico fosse hospitalizado, e não encarcerado em uma prisão, até pelo próprio risco de suicídio.
Naquela fase do julgamento, os promotores de acusação questionaram estas alegações, dizendo que Pistorius possuía um comportamento agressivo e poderia ter suas vulnerabilidades mentais usadas pela defesa como uma tentativa de ganhar indulgência da juíza Thokozile Masipa, responsável por determinar a sentença neste caso.
No mês passado, a promotoria sul-africana afirmou que apelaria contra a condenação de seis anos a Pistorius, alegando justamente então que a sentença havia sido indulgente. Pela sentença, ele poderá ganhar liberdade condicional após dois anos, sendo que para este tipo de crime de assassinato a lei sul-africana prevê uma condenação mínima de 15 anos de prisão, embora a mesma possa ser reduzida de acordo com as circunstâncias.
Então modelo e estrela de programas de TV, de 29 anos de idade, Reeva Steenkamp foi atingida por tiros disparados por Pistorius através da porta do banheiro da suíte do casal, onde ela estava quando foi assassinada.
Ele sempre admitiu o crime, mas afirma que atirou por acreditar que do outro lado da porta do banheiro onde estava Reeva Steenkamp quando foi atingida estava um ladrão. A promotoria de acusação, porém, alega que ele matou a namorada de forma intencional após uma forte discussão do casal.
No último dia 21 de julho, os promotores sul-africanos anunciaram que irão apelar contra a sentença de seis anos de prisão ao considerarem a sentença “escandalosamente” branda e ressaltaram que a mesma poderia colocar o sistema de Justiça do país em “descrédito”. Desta forma, o anúncio prolonga para três anos e meio a saga nos tribunais sul-africanos que envolve o ex-astro paralímpico.
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