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Paranaense Leandro Dora é treinador do campeão mundial de surfe, Adriano de Souza. | Divulgação/Facebook
Paranaense Leandro Dora é treinador do campeão mundial de surfe, Adriano de Souza.| Foto: Divulgação/Facebook

Campeão mundial de surfe em dezembro, Adriano de Souza, o Mineirinho, manteve uma rígida rotina de treinos para chegar à conquista nas ondas de Pipeline, no Havaí.

Grilo com seu instrumento de trabalho, ao lado de MineirinhoDivulgação/Instagram

O segundo troféu de um brasileiro na história da Liga Mundial de Surfe (WSL) – Gabriel Medina venceu em 2014 – veio com a ajuda da disciplina implantada pelo treinador paranaense Leandro Dora, 45 anos, o Grilo.

E isso significa levantar cedo, meditar e cair na água. Depois, rever tudo o que foi feito.

“Acordamos quando ainda está escuro”, conta Grilo, nascido em Cascavel e hoje residente na californiana San Clemente, entre Los Angeles e San Diego, nos Estados Unidos.

“Meditamos, oramos, quebramos o jejum com um café reforçado e vamos para o treino. Tem alguns segredos também que não conto. Mas é uma disciplina quase que militar”, confirma o técnico.

Da areia, Dora observa atento a toda movimentação do pupilo. Com uma câmera profissional na mão, grava o treino para repassar o que precisa ser corrigido. “Avaliamos questões da linha da onda, posição corporal dele e começamos a trabalhar isso para ele evoluir na parte técnica”, fala.

Apesar de o campeão mundial ter uma equipe com nutricionista, preparador físico e fisioterapeuta, o trabalho mental fica a cargo de Grilo. O treinador atua como uma espécie de psicólogo para as horas boas e ruins.

“É saber escolher a palavra certa para falar na hora oportuna. O objetivo é que ele elimine as pressões, os medos, e coloque tudo o que está treinando na hora da competição”, afirma.

Parceria rendeu frutos com pouco tempoDivulgação

A relação de confiança, quase que de pai para filho, fortalece a parceria entre técnico e aluno. Grilo e Mineirinho se conhecem há anos, mas começaram a trabalhar juntos recentemente, em julho, na etapa sul-africana da WSL. 

O elo de ligação foi o surfista catarinense Ricardo dos Santos,o Ricardinho, assassinado no começo do ano passado na Guarda do Embaú, em Santa Catarina. Amigo em comum de ambos, Ricardinho proporcionou, mesmo depois de morto, que o pontapé inicial da união vencedora.

Na comemoração do título, inclusive, o catarinense foi uma das primeiras pessoas a ser lembrada por Adriano de Souza.

“Foi um ano bastante difícil... Esperamos o tempo passar [depois da morte de Ricardinho] e, em maio, o Mineirinho me procurou para o treinar. Falei: vamos para o trabalho, com foco no título.... Acredito bastante nisso [que o Ricardinho nos uniu]”, garante Dora, que tem no currículo títulos paranaenses de surf em todas as categorias.

A aposentadoria, contudo, veio logo aos 21 anos. Ele virou empresário e passou a se dedicar à sua grife de roupas de surfe. Uma coisa levou à outra e, já morando em Florianópolis, passou a organizar campeonatos de surfe, a patrocinar atletas e festivais de bandas. Foram 17 anos nessa rotina até começar a acompanhar atletas e fazer a orientação técnica.

Hoje, o paranaense comanda uma equipe com cerca de seis surfistas de diversas categorias, um deles seu filho Yago, candidato a futuro campeão mundial – objetivo que Grilo não se cansa de dizer que já conquistou.

“A meta da minha vida era fazer um campeão mundial e isso eu consegui com trabalho duro. O sentimento é de dever cumprido. O Mineirinho abriu mão de muita coisa para esse objetivo. Foi muito foco, treino e trabalho”.

Sebastian Rojas/FramePhoto/Folhapress
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