Quando os portões do Maracanã se abrirem para abrigar a cerimônia de início dos Jogos Olímpicos, no dia 5 de agosto, o público em muitos momentos vai esquecer que está num estádio. Durante a festa, 106 megaprojetores de luz vão transportar os cerca de 3 milhões de espectadores para outros cenários, desenhando sobre o campo e as arquibancadas imagens coloridas e iluminadas que remeterão à natureza e ao patrimônio material e imaterial do Rio de Janeiro.
Usando ferramentas do design, conceitos da arte e alta tecnologia, o espetáculo de abertura vai usar e abusar da técnica de projeção mapeada — que exibe figuras e fotos em movimento sobre superfícies inusitadas.
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Leia a matéria completaAs cenas e paisagens que o público vai ver surgindo ao longo do evento ainda são mantidas em segredo, mas, segundo Leonardo Caetano, diretor de cerimônias do Comitê Rio 2016, a sequência vai mostrar um resumo da essência do povo carioca. Mas sem clichês.
“Será nossa oportunidade de fugir do estereótipo do futebol, do carnaval e da exibição gratuita da beleza da mulher. Vamos usar a festa para mostrar outros aspectos do país”, promete Leonardo Caetano, acrescentando que a escolha das imagens foi resultado de meses de trabalho de pesquisa de referências históricas, culturais e sociais em filmes, sites e fotografias.
A quantidade de equipamentos (aparelhos do modelo da Panasonic de 20.000 lúmens) permite que se faça uma projeção mapeada que cubra o estádio do Maracanã inteiro. Ou seja: se os técnicos quiserem, podem fazer surgir uma grande onda dentro do estádio. Ou levar um pedaço da Floresta da Tijuca para o local do campo.
“A projeção mapeada surgiu como instrumento de arte e, depois, foi apoderada pela publicidade. É possível causar efeitos impressionantes, usando a luz, com a projeção de texturas e cores sobre a superfícies de um corpo, como uma maquiagem virtual, e até mesmo criar o efeito de um prédio sendo demolido e depois sendo reconstruído”, descreve o designer João Bonelli, do LIFE - Laboratório de Interfaces Físicas Experimentais, da PUC-Rio .
Os impressionante efeitos de luz e cor vêm sendo testados por técnicos numa maquete do Maracanã, feita de papelão numa escala 1/100.
“A cenografia vai apoiar o espetáculo o tempo todo: em alguns momentos as projeções de imagens vão aparecer junto com som, criando cenário; em outros, elas vão valorizar os personagens em cena, e, em outros, vamos usá-las só num pedaço, para destacar algum detalhe . Mas é importante saber que a festa é um conjunto e não se resume a isso”, diz Bonelli.
Parte do brilho será garantido pelos mais de 10 mil figurinos, que estão sendo executados por cerca de 16 costureiras num ateliê montado dentro do Maracanã. A supervisão é da italiana Sylvia Aymonino, 52 anos, que já trabalhou com figurino em óperas e no cinema. No Rio há oito meses, parece contagiada pelo clima da cidade: a cada dia, ostenta um adereço diferente para trabalhar.
“Estou adorando. E, conversando com as costureiras, estou conhecendo ainda melhor o Rio”, confessou Sylvia, que usava um pompom negro na cabeça durante a entrevista.
Imaginada para durar quase quatro horas, a abertura dos Jogos será dirigida por Fernando Meirelles, Andrucha Waddington e Daniela Thomas. Doze mil voluntários vão executar as coreografias de Deborah Colker.
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