A curitibana Amanda Lúcia Carstens Ramos se tornou a primeira mulher a ser árbitra principal de futebol americano no Brasil, no último final de semana. Pela quarta rodada do Campeonato Paranaense da modalidade, a árbitra, de 22 anos, assumiu a posição principal em duas partidas – UFPR Brown Spiders x Maringá Pyros e Coritiba Crocodiles x Norte do Paraná –, feito que deve fazer parte da rotina da estudante nos próximos dias de folga.
Amanda entrou para a arbitragem porque tinha interesse em acompanhar o namorado, José Eduardo dos Santos, que foi jogador do UFPR Legends [extinto após a fusão com o Curitiba Brown Spiders, que originou o UFPR Brown Spiders].
“Comecei por causa dele, que é jogador. Então passei a ir nos jogos, a assistir na televisão. Gostei e comecei a conhecer as regras. Quando teve a clínica [em fevereiro de 2013], acabei passando em primeiro lugar e já fui chamada para o meu primeiro jogo”, conta.
Formada em Engenharia de Controle e Automação na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), e fazendo mestrado em Sistemas de Energia na mesma instituição, ela considera que seu gosto pelo esporte tem relação com sua formação acadêmica.
“O motivo principal é porque é um jogo de raciocínio. É algo da minha profissão, porque engenharia é puro raciocínio, e isso é uma coisa que valorizo”.
Um bico também. Cada mediação dos confrontos garante o cachê de aproximadamente R$ 100.
Ela conta que seu primeiro contato com as regras do jogo vieram da curiosidade gerada pelos jogos da NFL, a liga profissional americana.
“Quando acontecia alguma coisa diferente em um jogo, eu procurava as regras para entender o porquê – e aquilo acabava gravando. Nada muito profundo, mas foi um começo”, diz.
O envolvimento que sua família passou a ter com o futebol americano é mais um motivo para ela crescer dentro do esporte. “Toda minha família entrou no futebol americano porque eu entrei. Hoje, a gente assiste juntos pela tevê. Sempre que dá, eles [parentes] vão assistir aos meus jogos, então a família toda abraçou a causa”, diz.
Como árbitra secundária, posto que tem outras mulheres no país, Amanda fez 29 jogos em sua carreira e garante não mais se intimidar com a presença exclusivamente masculina.
“Estar no meio de homens é normal. Fiz engenharia e só tem homem na turma; no mestrado só tem homens, então vivo em um ambiente assim diariamente. Me senti bem à vontade, na verdade”, afirma.
Sem se sentir pressionada pelo ambiente, a árbitra revela que já foi alvo de brincadeiras durante partidas, mas nunca de preconceito. “Já fui chamada de ‘lindinha’, fui cantada dentro de campo, enfim, esse tipo de coisa... Mas em relação as minhas decisões em campo, nunca enfrentei problemas pelo fato de ser mulher”.
Para Amanda, o seu ineditismo na arbitragem é motivo de orgulho. Sem se incomodar com a pressão, ela encara o fato de ser a primeira árbitra principal do Brasil como uma forma de abrir portas para o esporte.
“Eu vi qual a importância disso e levei para o lado bom. As mulheres estão conseguindo seu espaço. Tem muita mulher querendo entrar, mas não sabe como e esse fato pode ajudar a melhorar o quadro”, conclui.
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