Quem observa o gerente de banco Leo Borton, de 38 anos, caminhar de terno e gravata pela Rua XV, no Centro de Curitiba, não imagina que ele seja uma das referências mundiais em um dos esportes mais perigosos do mundo, o street luge. Nesta modalidade de skate downhill, os competidores encaram, deitados, velocidades de até 140 Km/h. Tudo em uma espécie de carrinho de rolimã turbinado.
VÍDEO: Conheça um pouco sobre o street luge e embarque no carrinho de Leo Borton
“É como se você entrasse em um túnel de velocidade sem ter como voltar atrás. É tão forte que teu cérebro trabalha de forma diferente. Como se tudo estivesse em câmera lenta. E você não vê nada. É alucinante”, descreve.
Vice-campeão mundial em 2011 e campeão sul-americano em 2012, Borton recentemente retornou de uma das fases do Mundial de 2015, nos Estados Unidos. Teve problemas no equipamento e ficou em sétimo.
A próxima etapa acontece em outubro, no Morro das Sete Curvas, em Águas de Lindóia (SP). “Se nada der errado, o primeiro lugar está garantido”, confia Borton, que desde 2009 recebe ajuda financeira da prefeitura de Curitiba. “O patrocínio não cobre todas as despesas, mas é uma bela ajuda”, diz o esportista.
Além do apoio municipal, Borton conta com a torcida da esposa, Claudete Aparecida, e da filha de 6 anos, Ana Luísa. Mas não sem cobranças. “Ao mesmo tempo em que torcem muito, brigam comigo por praticar um esporte tão perigoso”, brinca o curitibano, que chegou a parar no hospital por causa de um acidente.
“Estávamos em uma estrada fechada em Quatro Barras. Enquanto descia, um carro furou o bloqueio e me acertou. Sofri fratura exposta na perna esquerda. Tive de colocar sete pinos e duas placas. Mas, no hospital, só pensava em sarar o quanto antes para voltar a competir”, relembra.
Os amigos brincam. Na Rua XV, Borton é mais conhecido como o “Gerente Louco”. “O pessoal acha que sou maluco. Mas esse é o combustível para eu exercer minha função no banco. Se todos tivessem um esporte paralelo à profissão, o mundo seria menos estressante”, recomenda.
Esporte independente e altamente técnico, o luge surgiu na Califórnia, nos anos 70. No mundo, são cerca de 1200 praticantes ativos. Quase 50 brasileiros.
“Temos um grupo de 15 praticantes aqui em Curitiba. É o centro mais importante e reconhecido do país. Hoje, os curitibanos estão entre o top 10 mundial. Quem tiver interesse, basta nos procurar no Facebook”, indica Borton, que treina três vezes por semana. O investimento inicial sai em torno de R$ 3 mil — os equipamentos indispensáveis são o capacete, o macacão, um par de tênis e o próprio carrinho.