O velocista paralímpico sul-africano Oscar Pistorius volta nesta segunda-feira aos tribunais para conhecer a data em que será julgado por matar a tiros a namorada, a modelo Reeva Steenkamp, exatamente no dia em que ela faria 30 anos.
Na audiência prévia ao julgamento, adiado em junho para estender o prazo de investigação, serão ouvidas as alegações do corredor e as acusações que a promotoria tem contra ele.
A partir daí, o juiz deve decidir no Tribunal da Magistratura de Pretória a data do julgamento do crime que aconteceu em 14 de fevereiro deste ano na residência deles na capital sul africana.
O promotor do caso, Gerrie Nel, afirma que o casal teve uma discussão de madrugada que levou a modelo a se esconder no banheiro. Pistorius, que é conhecido por ser apaixonado por armas, disparou pelo lado de fora do cômodo e os tiros atingiram sua companheira.
Nel sustenta que Pistorius matou Reeva, uma mulher "inocente e desarmada", de forma premeditada, acusação negada pelo atleta paralímpico.
"Nada pode estar mais longe da verdade", afirmou o atleta de 26 anos durante a audiência judicial em que conseguiu liberdade condicional mediante fiança.
Na versão do atleta, ele escutou um barulho logo depois de ter se deitado e suspeitou que houvesse algum intruso na casa, por isso pegou a arma - uma pistola 9mm - que guardava debaixo da cama e foi até a porta.
"Disparei e gritei para que Reeva chamasse a polícia, mas ao voltar à cama e ela não estava lá" afirmou o corredor, que voltou ao banheiro, arrombou a porta com um taco de críquete e encontrou a mulher ensaguentada, mas ainda viva.
"Ela morreu nos meus braços", relatou Pistorius aos prantos diante do juiz.
O atleta conseguiu fiança, de 1 milhão de rands (cerca de 85 mil euros), oito dias depois do crime. Apesar de ter mantido o passaporte para que pudesse participar de corridas, o velocista não competiu neste ano.
O grande marco de Pistorius na história do esporte, ser o primeiro atleta biamputado a disputar uma edição de Jogos Olímpicos, em Londres 2012, foi ofuscado pelo incidente. E junto vieram problemas econômicos: seu contrato com a Nike foi cancelado, o que fez desaparecer os anúncios que o exibiam com o infeliz slogan "Sou a bala no tambor"; e foi multado pela receita federal sul-africana em 80 mil euros por sonegação.
Depois de todo o espetáculo midiático, Pistorius voltou a treinar em junho para recuperar a forma. Segundo um porta-voz da família, o corredor não pensa em voltar ao atletismo.
A meta atual de "Blade Runner", como foi apelidado por causa das próteses, é evitar a prisão perpétua.