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Era para ser uma edição festiva, mas a Volta da França chega hoje aos 100 anos ainda sob os desdobramentos do banimento de Lance Armstrong do ciclismo e da cassação, há oito meses, de seus sete títulos na prova francesa.

Embora a organização da principal prova do ciclismo de estrada do mundo tenha preparado atrativos para seu centenário, ainda reverbera nos bastidores o maior escândalo no esporte desde o Caso Festina, em 1998. O próprio Lance declarou ao jornal francês Le Monde, ontem, que "é impossível ganhar a Volta da França sem se dopar porque o Tour é uma prova de resistência na qual o oxigênio é a chave".

Os ciclistas que vão largar hoje, no entanto, tentam se esquivar da associação do Tour com as denúncias de doping. "Passamos por cima dessas notícias. A partir de 2007 começou um grande controle dos ciclistas. O que vemos [agora] são casos de atletas mais antigos. Recentemente, teve o caso do [Alberto] Contador, mas que não foi comprovado 100%", fala o único brasileiro na prova, Murilo Fischer, que considera sua terceira participação na prova especial por ser o único não-francês escalado por sua equipe, a francesa FDJ.

Entre as notícias que o brasileiro diz "passar por cima" estão a declaração do campeão da Volta da França de 1997, o alemão Jan Ulrich, que nesta semana admitiu ter feito transfusões do próprio sangue para competir, e a divulgação de um teste positivo para eritropoietina (EPO) em uma amostra de urina coletada na Volta de 1998 do ex-ciclista francês Laurente Jalabert – resultado de uma investigação do senado francês que promete ainda outras revelações até 18 de julho, data prevista para a divulgação do relatório final.

Naquele ano, às vésperas da largada da prova, uma operação antidoping flagrou um carro da equipe espanhola Festina carregando 234 doses de EPO, 82 frascos de hormônio do crescimento, 160 cápsulas de testoterona. As investigações se estenderam a outras equipes, resultando na exclusão da prova de atletas de várias equipes, se tornando um dos motivadores para a criação da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês).

Assim como naquele ano, em 2013 a competição não terá o campeão do ano anterior defendendo o título. O britânico Bradley Wiggins abriu mão da competição (não sem levantar suspeitas) e, para voltar a motivar o público local – uma pesquisa apontou que 40% dos franceses não se importariam se o Tour não largasse hoje –, o evento centenário teve ajustes, como fazer os 3,4 mil quilômetros disputados apenas em território francês, em um percurso mais difícil, com mais etapas finais em montanhas e com a chegada no Arco do Triunfo, em Paris, prevista para a noite de 21 de julho, aproveitando a beleza da iluminação da Avenida Champs-Élysées.

Este ano marca também o retorno do espanhol Alberto Contador à prova. Vencedor em 2007, 2009 e 2010, cumpriu dois anos de suspensão pelo uso de clembuterol na prova do tricampeonato.

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