Emanuel em ação nas areias de São José (SC): paranaense se despede de Alison e busca 150º título| Foto: Paulo Frank / CBV

Projeto

Festa para criançada no Tarumã tem sabor especial para o ídolo

"Você tira uma foto comigo?". A pergunta foi feita para Emanuel incontáveis vezes nas cerca de cinco horas em que ficou no Ginásio do Tarumã acompanhando, na quarta-feira, a confraternização das 1,2 mil crianças do projeto de iniciação ao voleibol que coordena em Curitiba. Para cada pergunta, a resposta era um "sim", acompanhado de um sorriso. A festa era para os pequenos, mas para Emanuel também teve um sabor especial.

Foi a primeira vez que ele reuniu todas as crianças do projeto em um mesmo local – que também possui um simbolismo para o atleta. Ali o ídolo já teve tardes de fã. "Já joguei aqui no Tarumã um campeonato completo, pelo Clube Curitibano e pelo Colégio Positivo. Joguei a Copa Paraná de vôlei de quadra. Era como se fosse jogar no Maracanã. Porque antes, tinha vindo assistir a um jogo da seleção brasileira, em 1988, daquela seleção brasileira que tinha sido prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles", lembra. "Então, para mim, aqui só jogavam os melhores e foi um daqueles momentos inesquecíveis. Trazer essa garotada jogar aqui é uma oportunidade única. Tem de se manter um projeto de revitalização para manter ativa uma área de esporte como essa", diz.

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150 títulos

Ao vencer a última etapa do Circuito Brasileiro, na semana passada, no Guarujá, Emanuel chegou ao seu título número 149 e superou a marca do norte-americano Karch Kiraly de 148 conquistas no vôlei de praia, número que colocou o nome do curitibano no Livro dos Recordes. Se até então Emanuel não tinha a dimensão dessa façanha, agora ele quer arredondar o número. "Estou de olho no título 150. O título 149 é importante, mas não é um número bonito", diz. Ao todo, são 77 títulos em competições da Federação Internacional de Vôlei, 57 em etapas do Circuito Brasileiro, 7 no circuito norte-americano, 2 em pan-americanos, 3 eleições de Rei da Praia, 2 Reis dos Reis (melhor do Brasil e dos EUA) e o ouro olímpico.

Mundo afora, o curitibano Emanuel é conhecido como Rei Emanuel. Aos 40 anos, dono de 149 títulos no vôlei de praia e três medalhas olímpicas, ele chama para si mais um novo cargo: embaixador.

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Depois de se tornar o homem que mais subiu ao topo do pódio em competições em seu esporte e às vésperas de encerrar mais uma parceria vitoriosa (hoje, em Santa Catarina, decide um título pela última vez ao lado do capixaba Alison, com quem foi campeão mundial em 2011 e prata na Olimpíada de Londres-2012), o curitibano se prepara para trocar as areias pelo posto de dirigente. Não sem antes passar sua experiência aos mais jovens jogadores.

Emanuel havia deixado o final de 2013 para definir as metas do ciclo olímpico até 2016. A lista do rei/embaixador ficou assim: "Meu projeto inicial é que eu quero que a seleção de praia dê certo. Ela significa uma motivação para os atletas de categorias de base. Isso, para mim, quer dizer futuro para o vôlei de praia brasileiro. Outro objetivo é jogar com um atleta mais novo para passar experiência, como se eu fosse um embaixador. O terceiro objetivo é continuar vencendo", contou o curitibano, durante a rápida passagem por Curitiba nesta semana, para visitar as 1,2 mil crianças do projeto de iniciação ao voleibol que mantém em parceria com Giba.

Em paralelo aos treinos e competições, o paranaense reserva dois dias da semana para cursos e compromissos de política esportiva. "Há dois anos venho me preparando, tenho feito cursos de gestão. Penso em assumir um cargo no Comitê Olímpico Brasileiro [COB] ou na Confederação Brasileira de Vôlei [CBV]. Estou me engajando extraquadra porque tenho experiência para contribuir, mas também tenho de aprender", conta. Ele faz parte da Comissão de Atletas do COB e da Agência Mundial Antidoping (WADA).

Na passagem por Curiti¬¬ba, não quis falar sobre quem seria o novo parceiro. "Tenho algumas opções, mas vou confirmar com quem vou jogar depois deste fim de semana. Antes, jogo com o Alison pelo Circuito Brasileiro em São José (SC)", contou. Os mais prováveis são jogadores novos e em ascensão, como Evandro (23 anos) e Vitor (22 anos) ou Álvaro (23 anos), este vice-campeão mundial ao lado de Ricardo.

"A seleção brasileira está em um processo de renovação, em que temos dois atletas mais velhos, eu e o Ricardo [38 anos], a geração do Pedro Solberg, do Bruno Schimidt e do Alison, entre 27 e 28 anos, que chega forte pelo pódio nos Jogos do Rio e essa geração mais nova, que vai ganhar experiência", diz Emanuel.

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Para ele, as batalhas nas areias não são mais entre brasileiros e norte-americanos. Por isso, defende o sistema de seleção permanente, imposto este ano pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) e que gerou críticas dos atletas. "Neste primeiro ano, aprendemos que os jogadores têm de se aprimorar mais em sua técnica individual para depois formar os melhores times. É um modelo que os Estados Unidos, Alemanha e Holanda já adotam. Nos últimos três anos, as equipes holandesas cresceram muito. Tanto que são de lá os atuais campeões mundiais, Brouwer e Meeuwsen. E os alemães geralmente surpreendem, por seguirem metodicamente suas linhas de treinamento", finaliza.