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Emanuel já contactou o capitão da seleção de vôlei, Murilo, para cobrar explicações da CBV | Antonio Costa / Gazeta do Povo
Emanuel já contactou o capitão da seleção de vôlei, Murilo, para cobrar explicações da CBV| Foto: Antonio Costa / Gazeta do Povo

Recém-chegado ao Brasil após a disputa dos Jogos Sul-Americanos, o paranaense Emanuel vai cobrar explicações sobre a denúncia de desvio de verbas da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). De acordo com reportagens da ESPN Brasil, a SMP Logística e Serviços Ltda, empresa pertencente a Marcos Pina, ex-CEO da CBV, receberia R$ 10 milhões a título de "remuneração relativa aos contratos de patrocínios firmados entre a CBV e o Banco do Brasil" no período de cinco anos, de abril de 2012 a abril de 2017.

A denúncia levou à renúncia do presidente da CBV, Ary Graça. Além disso, o Banco do Brasil ameaçou romper a parceria de 23 anos com a entidade - patrocínio anual de R$ 24 milhões -, caso a CBV não apresente uma explicação convincente para o caso.

O astro do vôlei de praia pretende conversar pessoalmente com o atual presidente da CBV, Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca. Emanual, de 40 anos, foi eleito em 2013 presidente da Comissão de Atletas do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e, desde a alteração feita no estatuto da entidade no mês passado, tem direito a voto na Assembleia Geral.

Campeão olímpico em 2004, bronze em 2008 e prata em 2012, Emanuel afirma que vai entrar em contato com o capitão da seleção masculina de vôlei, Murilo, e com Jacqueline, uma das líderes da seleção feminina.

Como os atletas reagiram às denúncias de desvio de verba na CBV?

Fazemos o nosso trabalho sem ninguém colocar em duvida o trabalho de técnico, jogadores e do pessoal operacional. Essas notícias não podem tirar a noção de esporte de rendimento, não podem nos afetar. Limpar a casa demora um pouco. Peguei o telefone do Murilo para a gente se unir.

Vocês pretendem cobrar que a CBV se explique?

O fator agora é que o nosso presidente se explique. Precisamos ouvir o nosso presidente, o Toroca. Ele tem que se pronunciar. O nosso presidente tem que indicar o que está acontecendo.

Podemos apontar você como um líder dos atletas?

Um tempo atrás conversei um pouco com o Ricardo e compartilhamos do mesmo pensamento. Fomos ao encontro do Radamés (Latari, diretor de eventos da CBV) para conversar, mas depois que fui para os Jogos Sul-Americanos houve outros anúncios. Eu e Ricardo compartilhamos o mesmo pensamento.O Banco do Brasil patrocina não só a CBV como atletas individualmente e você é um dos patrocinados. Teme que essa crise afete diretamente os atletas?

Estou sem contrato, mas continuo sendo atleta Banco do Brasil. Eu tive algumas conversas com o BB. Me senti muito seguro sobre o posicionamento sobre o vôlei. Todas as entregas do vôlei foram excelentes. Estamos há dois anos da Olimpíada. Essa mudança estratégica é difícil, porque faz parte dos planos do banco, pensados a longo prazo, por muito tempo. As coisas tem que ser esclarecidas na parte executiva.Você voltou dos Jogos Sul-Americanos com função dupla fora de quadra. Não tem apenas a crise na CBV. O COB tem sido muito criticado por não oferecer um seguro por invalidez para a Lais Souza. Como presidente da Comissão de Atletas, o que você pode fazer?

Como eu estava nos Jogos e cheguei na segunda, ainda estou tentando me colocar a par. Não sei como é o processo todo, mas eu vou tentar falar mais com o Marcus Vinicius Freire (homem forte do COB). Da parte da Comissão, seria bom colocar em pauta para saber como agir numa próxima vez. Preciso saber mais dos fatos, mas já vou colocar em pauta para que seja exemplo para não acontecer mais.

A Comissão de Atletas tem se reunido?

Os 14 foram eleitos, se não me engano, dia 28 de fevereiro do ano passado, e fizemos uma reunião para nos conhecermos. Depois, não nos encontramos mais. No segundo semestre a maioria dos atletas ainda está em atividade, não teve calendário. Agora queremos nos encontrar daqui um mês, quando está todo mundo no Brasil.

Qual é a função dessa Comissão, na prática?

Nesses últimos dois meses eu estou indo pessoalmente ao COB toda terça-feira para, junto com a parte de logística e legado do COB, fazer um plano de ação, definir a nossa missão, definir como se comportar perante às confederações. Hoje não fui, tenho que ir, para finalizar esse processo todo. Estou pegando um processo que não tem definição, que não sabe quais os poderes.

O que muda com os atletas tendo direito a voto no COB?

Esse é um dos motivos pelos quais tenho que criar uma missão para nós, uma vez que temos votos junto com as demais 28 confederações. O nosso primeiro projeto é sobre embaixadores. Queremos ter o comando de toda a demanda de participação de atletas em eventos. Não temos nada. Não existimos para o COB. Hoje é só uma comissão que não tem um intuito.

Toda essa atividade política como atleta vai te levar a ser dirigente?

Emanuel - Eu tenho feito alguns cursos dentro do COB. Não me vejo dentro da CBV. Me vejo no esporte de alto rendimento. Já passei por tantas experiências, tenho que utilizar para dar continuidade dentro do vôlei. O vôlei de praia é novo, precisamos passar por vários problemas. Já tivemos muitos e ainda virão muitos outros.

E como você pretende que se dê esse processo de transição? Você acredita que, até por conta da crise da CBV, os atletas que estão em fim de carreira podem chegar logo ao comando da entidade?

Precisa ter capacitação. Não dá para sair da quadra direto para a gestão executiva, só para a parte operacional. Os primeiros passos são no operacional e deixar para quem entende a parte executiva, que o atleta não tem essa capacidade ainda.

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