Acima do peso, líbero ganha o aval do técnico
Estreante em decisões de Superliga, a líbero do Sesi, Suelen, tem chamado a atenção do público durante toda a temporada pelo seu talento apesar de ter um biótipo pouco provável para o vôlei.
Com 1,69 metro de altura e 89 quilos, ela foge à regra dos corpos altos e longilíneos que impera nas quadras.
Mesmo com um índice de massa corpórea (IMC) que a rotula como "obesa", a jogadora tem o terceiro melhor desempenho na recepção da competição, desbancando as atuais líberos da seleção: Fabi (1,69 m e 59 kg), com quem disputa o título hoje; e Camila Brait (1,73 m e 59 kg), a quem superou na final do Sul-Americano.
Suelen não esconde que a briga com a balança é mais difícil do que a disputa com muitas adversárias. A forma física incomum para uma atleta de alto rendimento se sobressai tanto que seu clube anterior, o Campinas, chegou a orientá-la a não responder sobre o tema à imprensa. Para a comissão técnica do Sesi, contudo, tê-la gordinha não é problema: seu talento compensa os quilos a mais.
"Se fizéssemos com ela a mesma coisa que sempre tentam pedir para ela perder dez quilos , não ia adiantar. Fizemos então ela entender que tem de estar com as pernas muito fortes para que não se lesione. Quem garante que, se perder peso, vai ter a mesma destreza, velocidade e percepção?", destaca o técnico Talmo Oliveira.
Ele não descarta a perda do peso como uma recomendação futura. "Ela tem resultados excelentes nos testes físicos hoje e vemos que está feliz. Mas, se perder peso com saúde, vai ter mais anos a mais em quadra", acrescenta.
De um lado, o oito vezes campeão Unilever, do tarimbado técnico Bernardinho; do outro, o paulista Sesi, estreante em finais, do ainda novato técnico Talmo Oliveira.
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O duelo da final da Superliga feminina, hoje, a partir das 10 horas, no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, parece um inevitável clichê do duelo entre o gigante e o pequeno. Mas não é.
O Sesi, depois de terminar o primeiro turno da competição em 9.º lugar entre os 14 na disputa, colecionou triunfos. O ápice foi eliminar o favorito Osasco, invicto há 28 jogos e finalista da Superliga nas últimas nove temporadas, na fase semifinal.
"Não tiramos o Osasco da final, conquistamos a vaga. É diferente. Vai ser mais um jogo importante na carreira. Estamos encarando de forma muito natural essa partida", diz Talmo, com uma serenidade oposta à impaciência explícita de Bernardinho à beira das quadras.
O comandante do time carioca, por outro lado, chega à décima final consecutiva (ganhou seis desses títulos) e luta pelo nono troféu da Superliga feminina, considerando as duas taças da equipe quando o projeto ainda estava em Curitiba. Outro desafio para o surpreendente time de Talmo.
Com perfis distintos, os dois treinadores têm, contudo, pontos em comum em suas trajetórias.
Bernardinho, 54 anos, foi levantador da seleção olímpica que conquistou a primeira medalha olímpica para o Brasil. Reserva de Willian, ganhou a prata nos Jogos de Los Angeles em 1984. Talmo, 44, é da geração seguinte, do ouro dos Jogos de Barcelona (1992), em que foi levantador suplente de Maurício. Como técnico, foi finalista da Superliga Masculina 2009/2010 pelo Montes Claros (MG). No ano seguinte, assumiu o desafio de formar o time feminino do Sesi.
Em sua terceira temporada, o time chegou às finais dos cinco campeonatos que disputou e venceu o Sul-Americano, em fevereiro, que lhe deu vaga para jogar o Mundial de Clubes, em maio. A recuperação na Superliga, diz Talmo, veio justamente em um dos momentos de queda.
"Muitos que analisaram nossa equipe no meio de uma temporada acharam fracasso total. Nunca vimos uma derrota como fracasso, mas como força para aprender. Criamos casca. Árvore grande não tem casca fina, tem rugas. Perdemos a final da Copa do Brasil para o Osasco [em janeiro] e ali crescemos. O tom que demos foi muito alto de envolvimento. Reorganizamos e fomos disputando a Superliga, vencemos o Sul-Americano, conseguimos a vaga para o Mundial", conta o treinador.
Ao vivo
Unilever x Sesi, às 10 h, na RPC TV.
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