Jade volta a Curitiba com o pensamento voltado para os Jogos do Rio: “Vou fazer o que for preciso”| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Se o bom filho à casa torna, a volta de Jade Barbosa a Curitiba seria previsível. Mas, aos 21 anos, nem mesmo a ginasta carioca imaginava que retornaria, quatro anos depois de deixar a cidade em meio a acusações de ter sofrido negligência nos treinamentos com a seleção brasileira, o que teria agravado uma lesão no punho direito, em 2008. As rusgas, diz, o tempo ajudou a apagar. E, desde abril, Jade treina na estrutura do Centro de Excelência de Ginástica (Cegin), seguindo os passos da amiga e colega de seleção Daniele Hypólito.

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O retorno surgiu da necessidade de apostar todas as fichas na disputa dos Jogos do Rio, em 2016, quando estará com 25 anos, longe da imagem da menina de 17 anos que ficou em sétimo lugar no salto dos Jogos de Pequim, em 2008.

Em 2012, apesar ser conside­rada a principal esperança de medalha, foi cortada da Olimpíada de Londres por não assinar um termo de com­­promisso com patrocina­­dores. Agora, não quer mais imprevisto: "Vou fazer o que for preciso para estar bem pre­­parada para 2016", garan­­te. Veja os principais trechos da entrevista à Gazeta do Povo:

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Você imaginava que este pri­­meiro ano do ciclo olímpico seria tão complicado para você?

Não. Até porque até o ano passado tínhamos tudo: clube, centro de treinamento. En­­tão o ginásio [do Flamengo] pe­­gou fogo, o CT [do Comitê Olímpico] foi destruído para obras no velódromo, fomos dispensadas. Ficamos desesperados. Como uma cidade [Rio] que vai receber uma Olimpíada não tem nem um centro de treinamento? Mas nós, atletas, não podemos nos apegar aos problemas. Temos contas para pagar, um treinamento para fazer, metas para atingir.

Você fechou o contrato com a Cegin?

Ainda não, estamos acertando detalhes. Mas o melhor é ficar aqui. Estou feliz de ter um lugar para treinar, com bons técnicos. Quando saí daqui, eu era a mais nova. Agora, sou espelho para as pequenas. E elas puxam o meu treino, me fazem correr atrás.

Como foi sua conversa para voltar a Curitiba? Havia alguma preocupação de a Vicélia Florenzano, ex-presidente da Confederação Brasileira de Ginástica, que foi bastante criticada por você, ter alguma restrição em recebê-la?

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Houve problemas, mas agora é outra época. Não ficou rusga. Já se passaram quatro anos e o relacionamento pessoal não foi danificado. Ela ficou muito feliz e eu também estou feliz em voltar. Sabia que aqui era o melhor lugar para treinar e vou fazer o que for preciso para estar bem preparada para 2016.

Você volta a treinar com o Oleg Ostapenko, técnico ucraniano. Ele continua linha dura?

Antes ele não me treinava porque eu chorava muito. Não tinha paciência comigo. Então, eu ficava mais com a [técnica] Irina Ilyaschenko. Ele está animado conosco [ela e Daniele]. Somos meninas talentosas, por isso sobrevivemos tanto tempo na ginástica. Ele já entendeu que não temos mais 13 anos, mas a linha é a mesma. Temos de nos adaptar e fazer o que ele manda.

Em 2016, você será uma das mais velhas da equipe. Que papel exercerá no time?

Quero ajudar não só em resultados, somando notas, mas também como chefe de equipe. Faço bem esse papel de ajudar as outras meninas, conversando, explicando como fazer. Sinto-me mais experiente, mais tranquila até nos treinos. E experiência pesa.

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Você viu os brasileiros competindo em Londres? Sente algum remorso por não ter ido?

Foi triste não ter ido, nem assisti ao primeiro dia da ginástica. Tomei uma decisão e teve uma reação, mas não fico lamentando. Tenho mais vontade ainda de competir no Rio.

Você recebeu um convite para fazer parte do Cirque Du Soleil. Pensa em seguir esse caminho?

Estou no terceiro ano de Design [estudava no Rio], mas, agora, não sei como vai ficar a faculdade, nem nada. O convite para o Cirque veio durante minhas férias. Fui para Los Angeles, visitei o treino deles e me ofereceram um lugar. Até 2016, meu foco é a ginástica. Mas é bom saber que tenho portas abertas.