Família Autódromo reunida: trabalho para eles no local só até julho.| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

O técnico eletricista Julio César Ferraz de Oliveira, 41 anos, acredita que o segredo de seu trabalho como responsável pela manutenção geral do Autódromo Internacional de Curitiba (AIC) é se adiantar aos problemas.

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O circuito reinaugurado pela última vez em 1996, após reforma que deixou a pista com a cara atual, precisa de muita manutenção preventiva, explica o funcionário mais antigo do local. “Barreiras de pneus, guardrails, asfalto”, elenca alguns pontos que necessitam de verificação, especialmente após as corridas.

Julio trabalha no circuito localizada em Pinhais há 21 anos, antes mesmo da reabertura oficial. Começou quando tinha 20, em 8 de fevereiro de 1995, data que sabe de cor.

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Neste domingo (6), ele estará de plantão na prova que abre a temporada da Stock Car, mas também marca a primeira das últimas corridas da história do AIC. Em meados de julho, o local será desativado para dar lugar a um empreendimento imobiliário misto, com casas e prédios.

Julio Oliveira cuida da manutenção do autódromo. 

Assim como o técnico eletricista, outros dez funcionários do AIC têm histórias parecidas. A maioria trabalha por lá há pelo menos dez anos. E a sensação de vazio se repete em todas elas.

“Rapaz, o sentimento é de tristeza por saber que uma estrutura desse tamanho vai parar. A dedicação é grande... 21 anos aqui”, lamenta Julio. “Tem gente aqui que é da minha época, então é uma família. A Família Autódromo”, emenda.

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“É muito triste. Já acabou no Rio [Autódromo de Jacarepaguá], agora vai acabar em Curitiba. Fica muito difícil”, diz Juarez Tavares, 54, que é auxiliar administrativo no papel, mas faz muito mais que isso.

O cascavelense de poucas palavras, fã de automobilismo, é outro que está no AIC desde 1995. Já fez desde cavar buraco para a instalação de cercas e varrer a pista até a pintura dos boxes. Em resumo, deixa a casa pronta para os carros acelerarem. Mas agora com data para o ronco dos motores parar de vez.

“A ficha não caiu para nós [funcionários]. Não tenho ideia do que vou fazer depois [que acabar]. Trabalho está difícil. Tenho que procurar”, conta.

Juarez trabalha na pista em Pinhais há 21 anos. 

No caso da secretária Elisangela Cavalheiro Pereira Bombilho, 32, não é exagero dizer que sua vida seguiu as retas e curvas do autódromo.

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Literalmente metade da vida dela teve o AIC como pano de fundo, local onde encontrou o marido – hoje ex-funcionário – e até cria os filhos, que de vez em quando a acompanham durante a jornada de trabalho atendendo a telefones ou resolvendo problemas para o chefe, o diretor Itaciano Marcondes.

“Aqui é uma família, minha segunda casa. Estou aqui há 16 anos. Construí minha família aqui”, emociona-se.

“Existe uma relação bem saudável entre todos os funcionários, dá para dizer que é uma família. Ninguém esperava que fosse fechar. Fazer o que?”, termina a secretária, que em poucos meses vai deixar a sala da administração junto com a bandeira quadriculada do autódromo.

Elisangela conheceu o marido no autódromo.