Em 1989, ano em que completou 32 anos, o piloto curitibano Raul Boesel recebeu uma homenagem inimaginável para quem vivia o auge da carreira profissional.
Terceiro colocado naquela temporada em uma das mais tradicionais provas do automobilismo mundial, as 500 milhas de Indianápolis, o paranaense viu seu nome virar sinônimo do maior palco da velocidade no estado. O Autódromo Internacional de Curitiba (AIC) se tornou oficialmente o Circuito Raul Boesel.
A placa está lá até hoje, à esquerda do portão de entrada, em cima de um pedestal de pedra. Por isso, ao receber a notícia de que a pista fechará as portas para grandes eventos a partir de junho de 2016 , a primeira reação de Boesel foi de negação.
“Você toma um choque. Não é possível. Não quer acreditar. Esse autódromo foi grande parte da minha história. Meu primeiro teste em carro de corrida foi lá, antes da reforma”, recorda o ex-piloto e que hoje trabalha como DJ.
“É uma grande surpresa e ao mesmo tempo um grande desapontamento saber que essa especulação da venda, que esse boato se tornou realidade”, prossegue Boesel, citando a decadência do automobilismo nacional com o fechamento das pistas de Jacarepaguá (Rio), Brasília e, em breve, Curitiba.
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Leia a matéria completaBoesel, que completa 58 anos no próximo dia 4 de dezembro, tem uma relação antiga com o autódromo. A primeira visita ao local foi em 1967, aos nove anos de idade. O programa era uma corrida de Fórmula Ford que tinha Emerson Fittipaldi como grande atração.
“Nunca imaginava ser piloto naquela época, chegar onde cheguei, e ainda mais ter a honra de ter um autódromo com meu nome na minha cidade. Fico até sem palavras para expressar meu sentimento agora. Pelo menos fico feliz de ter tido esse reconhecimento em vida”, fala.
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Apesar de ter duas temporadas na Fórmula 1 (1982 e 1983), 13 participações nas 500 milhas de Indianápolis e os títulos do Mundial de Marcas (1987) e das 24 horas de Daytona (1988) no currículo, Boesel só subiu ao lugar mais alto do pódio uma vez no ‘seu’ autódromo. Foi em 2006, nas 500 milhas de Curitiba.
Nem por isso a emoção é menor toda vez que volta ao circuito. A saudade, entretanto, terá de ser amenizada até junho, quando ‘seu xará’ deve receber as últimas corridas.
“É mais uma motivação para ir lá desfrutar dos últimos eventos. Quem sabe eu consiga até a placa para guardar como lembrança”, sonha o ex-piloto.
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