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Helena e Ana esperam um dia chegar à Olimpíada | Henry Milleo/Gazeta
Helena e Ana esperam um dia chegar à Olimpíada| Foto: Henry Milleo/Gazeta

As ruas do centro de São Paulo serão tomadas, na manhã desta quinta-feira (31), pelos melhores maratonistas do mundo, na 91ª edição da São Silvestre. Mas enquanto os profissionais vivem a expectativa para a largada, duas meninas curitibanas estão se preparando para logo, logo estar entre os competidores da prova de rua mais tradicional do Brasil. Ana e Helena Valério, gêmeas de 10 anos, seguem uma rotina de treinamentos desde os sete anos e sonham em um dia percorrer não só as ruas paulistas, mas também de outros lugares como profissionais.

As meninas mostram desde cedo a vontade de correr. O inicio, com apenas sete anos, foi de maneira inusitada. Perdida do pai, Anderlin Valério Júnior, dentro de uma loja de eletrodomésticos em Garopaba, litoral de Santa Catarina, Ana parou em frente a uma televisão que transmitia uma reprise da São Silvestre. De cara a modalidade a encantou. Quando o pai encontrou a menina, ficou claro seu desejo. “Ela disse que queria ser corredora igual as meninas que estavam na tevê”, conta Helena, que abraçou a ideia da irmã e transformou o sonho em objetivo comum às duas.

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Sempre na companhia do pai, que é o grande incentivador e que cumpre vários papeis na precoce carreira das meninas, as duas mantém uma rotina de atividades digna de atletas profissionais, mas nada forçado, garante Anderlin. “Nunca influenciei elas a correr porque não tenho nada a ver com corrida. Elas gostam de correr, e gostam mais ainda quando o tempo está assim”, revelou, diante da determinação das duas, que mantinham o ritmo de treino mesmo sob a chuva que caía em Curitiba na tarde de quarta-feira (30), dia da entrevista.

Recentemente, na metade do mês de dezembro, as meninas tiveram a experiência de conviver com um grupo de atletas africanos, que estão no Brasil para disputar a prova paulista. Treinando em Santa Bárbara do Oeste, interior do estado de São Paulo, a dupla pôde passar alguns dias a rotina dos atletas. Uma experiência que foi muito proveitosa, segundo Ana. “Foi muito legal, a gente aprendeu muito, para melhorar a técnica, os braços, tomar bastante água, cuidar da alimentação. Eles são muito simples, simpáticos e humildes”, resumiu.

Mas a preparação não passa apenas pela diversão das corridas na chuva ou do encontro com ídolos. Uma das grandes preocupações de Anderlin quando se propôs a iniciar as meninas no esporte foi tomar conhecimento dos riscos da prática. Como ainda estão em fase de desenvolvimento, o pai se cercou de cuidados e providências para evitar possíveis lesões e não comprometer o futuro das filhas.

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“Comecei a pensar em como seria uma criança de sete anos correndo, porque nessa idade ainda estão em desenvolvimento, então não pode forçar como um adulto. Comecei a me informar, buscar dicas e me indicaram um treinamento especial. Elas têm uma treinadora que passa para mim os treinos via internet e eu aplico”, explicou, sobre o papel de Rosane Machado, a técnica contratada para programar as atividades de Ana e Helena.

Além da rotina de treinamentos específicos, as meninas têm também outros aspectos de suas vidas controlados, como a alimentação. Segundo Helena, as restrições diárias não incomodam. Já o pai conta que, mesmo antes do interesse pelo esporte, as duas já mantinham hábitos mais saudáveis que a maioria das crianças. “Elas não tomam refrigerante, nunca tomaram, nem sabem o gosto que tem. Também não comem frituras, coxinha, salgadinho, essas coisas. Eu até digo para elas ao menos experimentarem, mas elas não querem”, comentou.

Determinação

Ainda muito novas, as duas demonstram determinação para seguir na carreira esportiva, revelaram sua admiração pelos corredores africanos, com quem treinaram em São Paulo, e já tem o objetivo definido. “Gostamos dos quenianos, dos tanzanianos e também do Usaian Bolt, por que sempre que está chovendo a gente pensa que o Bolt está correndo”, afirma Ana, em referência ao apelido do homem mais rápido do mundo, o jamaicano Usaian Bolt, atual bicampeão olímpico e mundial e recordista dos 100m e 200m. “Um dia queremos estar na Olimpíada”, sentenciou a menina.

A mensagem de incentivo foi deixada por Natalia Sulle, maratonista da Tanzânia e integrante da equipe com a qual as meninas treinaram, vencedora da última edição da Volta da Pampulha, prova de rua que acontece em Belo Horizonte (MG). “Ela disse que eu tinha duas pérolas na mão, e que eu tinha que tomar muito cuidado com o seu desenvolvimento para formar duas futuras campeãs.”

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