| Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo

O momento é decisivo. Não é o ponto final de uma partida valendo o título, como está acostumado. Aos 36 anos, Giba define, nos próximos dias, se anuncia a aposentadoria das quadras de vôlei ou se segue jogando, preferencialmente no Brasil, por mais dois anos. Depois de encerrar o contrato com o Bolívar (Argentina), onde jogou a última temporada, o ex-ponteiro da seleção passou os últimos dez dias em Curitiba para ver os filhos, Nicoll (9 anos) e Patrick (5) e visitar os pais. O camisa 7 se diz frustrado por não implantar um projeto em Curitiba para crianças de 6 a 14 anos. "Perdi a paciência. Não se consegue fazer nada sem o poder público", diz.

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Como foi jogar na Ar­­gentina? Você foi chamado de "Messi do voleibol" e muitos iam aos jogos para ver você...

Fui para a Argentina com a possibilidade de ficar mais um ano. Mas não houve intenção da equipe em renovar [contrato]. O campeonato argentino é muito duro, tinha de atacar três ou quatro vezes para colocar a bola no chão. Eles prezam muito a defesa, como o vôlei japonês. Tive de aprender a ser paciente. Foi muito legal ver o reconhecimento do público, ver que meu nome segue uma referência fora do Brasil.

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E agora? Pretende fechar com algum clube brasileiro?

Estou esperando um pouco. Para ver minha situação da separação [há um mês se divorciou da romena Cristina Pirv] e então ver que rumo tomar, pensando nas crianças. A vontade era voltar para Curitiba, mas não deu certo.

No ano passado, você vinha articulando trazer uma equipe para a cidade. O que não deu certo?

Perdi um pouco a paciência porque não se consegue fazer nada sem o poder público. Fui tentando, tentando, mas aí entrou campanha eleitoral e as conversas ficaram travadas. Faz cinco anos que tenho apresentado para as empresas de Curitiba um projeto que nunca foi para frente, uma proposta de interação da sociedade. O time era uma pedrinha nisso tudo. Queria fazer algo para a comunidade e para que eu pudesse ficar na minha terra.

Se havia empresas interessadas, o que faltou?

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Não sei. Ano eleitoral é um ano que não se conversa [com o poder público]. Mas lamento porque é uma proposta que envolve toda a comunidade, baseado nos estudos de um russo com crianças de 6 a 14 anos para o desenvolvimento esportivo. Adaptei esse estudo com a ajuda de amigos para a realidade brasileira.

Desistiu de apostar nisso?

Desisti. Bati tanto na tecla... Claro que me frustra não conseguir, tendo empresas no estado como Volvo, Bosch podendo investir...

A prioridade é seguir jogando ou pensa em ir para os bastidores?

Minha meta é esperar uns 15 dias para ver o que vai acontecer. Se consigo alguma coisa, algum cargo, posso me aposentar. Senão, sigo jogando mais dois anos. De preferência, no Brasil. Adoraria poder jogar mais um pouco no meu país.

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Seu plano é ter um car­­go administrativo na Confederação Bra­­sileira de Vôlei (CBV) ou no Comitê Olímpico Brasileiro (COB)?

Existe uma conversa com essas entidades. Meu procurador também deve me repassar outros contatos. Esta semana vou para o Rio de Janeiro para algumas reuniões. Preparei muito minha cabeça desde que acabou os Jogos de Pequim [foi medalha de prata] para deixar a seleção e passar a missão para uma próxima geração. São 20 anos de seleção. Agora, quero ajudar para que todos os esportes cresçam.

A última temporada da Superliga foi marcada por reclamações ao ranking dos atletas, que ajudaria alguns times a formarem verdadeiras seleções...

Prefiro não comentar. Não acompanhei nada da última edição, especialmente essa parte burocrática.

Em Londres, você fez sua terceira final olímpica e foi um dos primeiros a deixar a quadra, mal falou com a imprensa. Como foi aquele momento?

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Foi um pecado ter acabado daquele jeito [a derrota por 3 a 2, de virada, para a Rússia]. É difícil falar porque aquele foi um momento em que vi que realmente acabou meu ciclo com aquele grupo. Teria chorado tanto ou mais quanto chorei se tivéssemos ganhado. Não sabia que seria tão difícil. Depois, fiquei sossegado.