A proposta de Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2016, entregue pelo governador Beto Richa à Assembleia Legislativa no último dia 30 de setembro, tem 507 folhas. O espaço dedicado para obras na área do esporte é breve – ocupa só uma página –, mas um dos projetos chama atenção. No documento que prevê as despesas e investimentos do governo estadual para o ano que vem, R$ 810 mil foram reservados para a revitalização do Ginásio do Tarumã.
Por falta de saídas de emergência adequadas, o local foi interditado em dezembro de 2013. Já são quase 700 dias de portas fechadas. O período de jejum deve acabar nos próximos meses. Pelo menos é a promessa da Secretaria do Esporte e do Turismo do Paraná, que pretende reabri-lo até fevereiro de 2016.
“Estamos em fase de contratação de projetos para corrigir as questões de segurança e estrutura, fazer pequenas reformas internas”, conta o diretor geral da secretaria, Alberto de Faria.
O retorno do Tarumã, porém, será em versão reduzida. A ideia é colocá-lo para funcionar, mas grandes eventos estão descartados. Podem ser fechados acordos locais com escolas – uma parceria de uso com o Colégio Militar, próximo ao local, já foi conversada, por exemplo.
Voltar ao auge, como nos anos em que serviu como casa do time de vôlei feminino do Rexona (entre 1997 e 2004), é bem mais complicado. O ginásio cinquentão, inaugurado em janeiro de 1965, é considerado defasado. Para renascer “gigante”, é preciso uma ampla reforma.
Troca do piso, das cadeiras das arquibancadas, substituição da rede elétrica e hidráulica, adequação de alojamentos, refeitório, cabines de imprensa, modernização de placares e sistema de som... São alguns itens na longa lista de necessidades. O custo de tudo isso? Entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões, recurso que não sairá dos cofres do estado.
“Só uma reforminha não adianta. É um ginásio de 50 anos adequado para outra época. Hoje prevalecem os modelos de mini arenas. Ele tem de estar preparado para receber eventos mundiais e as exigências das confederações são grandes”, diz Diego Gurgacz, presidente do Instituto Paranaense de Ciência do Esporte (IPCE), autarquia responsável por executar os porjetos da Secretaria do Esporte.
Sem dinheiro em âmbito local, a esperança é que a obra seja bancada pelo governo federal. “Se conseguirmos captar com eles os R$ 8 milhões ou R$ 10 mi, teríamos de dar uma contrapartida de só 10%. O valor que está no projeto de lei orçamentária [R$ 810 mil] é essa compensação nossa estimada”, explica Gurgacz.
Mas na esfera federal a concorrência cresce: a reforma do Tarumã disputa a “preferência” com demandas de todo o país que chegam ao Ministério do Esporte. A realização dos Jogos Olímpicos do Rio também distancia os recursos em curto prazo.
“Para o ano que vem, está se concentrando muito o esforço na Olimpíada. De certa forma, isso acaba freando [a liberação para outros projetos]”, reconhece o secretário estadual do Esporte, Douglas Fabrício. “Conversamos e estamos programando mais reuniões com o Ministério para que a gente possa bater o martelo. Curitiba precisa do Tarumã. É um espaço muito importante”, prossegue.
A reportagem procurou o Ministério do Esporte para falar sobre as negociações para a reforma do Tarumã, mas não obteve resposta.