O ginasta Ângelo Assumpção está com dores musculares nas pernas, mas volta às competições em breve. Provavelmente, estará junto com a seleção brasileira no Mundial da Escócia, no fim de outubro. Até lá, o atleta garante que estará 100% fisicamente. Já a ferida aberta em seu psicológico, coração e autoestima após a divulgação do vídeo no qual ele sofre injuria racial promete não cicatrizar. Em conversa franca durante evento de um de seus patrocinadores nesta quarta-feira (29) no Rio de Janeiro, Ângelo revela que cortou a amizade com Arthur Nory e que foi impedido de falar sobre o assunto à época pela Confederação Brasileira de Ginástica (CBG).
“O relacionamento com os atletas ainda está mexido. Principalmente, com quem causou tudo isso que foi o Arthur Nory. Ele era meu amigo há mais de 10 anos, sempre soube que não poderia ter me exposto daquela maneira”, afirma Ângelo, completando. “O vídeo que ele (Arthur) fez foi a gota d’água. Depois, ainda achou tudo normal. Não acatei por completo a desculpa dele. O convívio continua, somos companheiros de clube e de seleção (Pinheiros), mas a amizade não é a mesma.”
No dia 15 de maio, o Globo divulgou um vídeo feito por Arthur no qual Ângelo foi vítima de piadas racistas. A cor da pele do ginasta foi comparada com a tela preta de um celular com defeito e a um saco para lixo. Fellipe Arakawa e Henrique Flores (filho de Marcos Goto, que é negro e treinador do campeão olímpico Arthur Zanetti) também aparecem no vídeo e, junto com Arthur, foram punidos com apenas 30 dias de suspensão pela CBG.
Um inquérito para apurar as injúrias raciais contidas no vídeo chegou a ser instaurado no Superior Tribunal de Justiça Desportiva da ginástica, que se disse incapaz de julgar o caso. Na justiça comum, o caso não foi adiante, pois Ângelo não prestou queixa, condição indispensável para um crime de injúria racial ser julgado.
“Com Fellipe e Henrique, não fiquei tão magoado. Nos conhecemos há cinco anos e sei que foi um caso isolado. Mas com o Arthur eu sei que não foi bem assim. Ele sempre passou dos limites, me pedia desculpas, mas nunca mostrou uma mudança de atitude. Sempre voltou a fazer as mesmas brincadeiras”, conta Ângelo sem entrar em detalhes sobre “brincadeiras” passadas feitas por Arthur ou afirmar se estas eram racistas.
À época da divulgação do vídeo, a CBG tentou minimizar o caso. Ângelo não teve oportunidades de falar abertamente sobre o episódio. As únicas entrevistas concedidas pelo atleta foram através de emails que passavam pelas mãos de profissionais da CBG. Até hoje, a presidente da entidade, Maria Luciene, não se pronunciou sobre o assunto nem responde perguntas sobre o tema. A falta de informação e transparência por parte da entidade foi bastante criticada à época.
“Era uma situação que eu não estava acostumado a lidar. Poderia dizer alguma coisa de momento. Então, preferiram me blindar. Eles (a CBG) não queriam que eu falasse”, disse Ângelo, afirmando que sua vida já seguiu em frente “Foi uma coisa chata. Eu fiquei chateado, minha família ficou triste. Mas eu consegui superar. Foi uma pedra no meu caminho que eu tive que jogar para o lado.”
Apesar da pedra ter sido retirada do caminho, Ângelo não esquece que o racismo existe no Brasil. Recentemente, quando a repórter do tempo do Jornal Nacional mais conhecida como Maju foi vítima de ofensas raciais na internet, o atleta escreveu um texto de apoio à jornalista em seu perfil no Facebook.
“Se para alguns ser como Maju é ser diferente. Então, sou feliz por ser diferente também”, escreveu Ângelo.
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