Julio Campos e a equipe Prati-Mico’s Racing está prestando homenagem para Pelé, hospitalizado com problemas renais| Foto: Rafael Gagliano/Divulgação

"O Marco Campos está voltando em dezembro." A frase de Julio Campos mistura a ansiedade pelo nascimento do primeiro filho com a saudade do irmão. Marco, o filho, nasce dia 15 de dezembro. O maior presente de uma festa de fim de ano em família que pode começar hoje, com o título da Stock Car. Marco, o irmão, morreu dia 15 de outubro de 1995, na França. A interrupção trágica de uma vitoriosa carreira nas pistas, aos 19 anos.

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Marco Campos era o nome mais promissor de uma geração que formou Hélio Castro Neves, Cristiano da Matta e Tarso Marques. Multicampeão no kart, trocou o Brasil pela Europa em 1994 e logo de cara ganhou a Fórmula Opel. Migrou para a Fórmula 3.000 e, no fim da segunda temporada, já tinha um teste agendado com a Williams.

"Não existia ninguém melhor nas pistas. Todas as corridas do Marco que eu lembro, ele estava andando na frente. Ele teria um futuro brilhante na Fórmula 1", relembra Julio, seis anos mais novo.

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O futuro foi interrompido com particularidades comuns às tragédias. Na última curva da última etapa da temporada, em Magny-Cours, Marco, sem chance de título, perdeu o controle do carro. O Lola azul e amarelo decolou e bateu com a traseira no muro lateral; na aterrissagem, a cabeça do piloto chocou-se contra a mureta. O pai, Roberto, presente em todas as corridas dos filhos, não viajou exatamente para aquela.

"Era a última prova do ano, e como ele voltaria ao Brasil no dia seguinte, era inviável financeiramente custear a viagem", conta. Roberto mantém até hoje a rotina de estar no autódromo sempre que tem um filho na pista.

"Se ele deixou de ver alguma corrida, eu não lembro. Nunca sei de onde meu pai assiste, porque ele sempre se esconde em algum canto do autódromo", diz Julio.

Será de algum canto do Autódromo Internacional de Curitiba, em Pinhais, que Roberto verá Julio tentar ser campeão da Stock. Quarto colocado com 167,5 pontos, o paranaense precisa vencer e torcer contra Rubens Barrichello (líder), Átila Abreu (vice) e Thiago Camilo (terceiro colocado). A largada está prevista para às 10h30.

"O Átila já quebrou, eu já quebrei, o Rubinho já teve problemas. Precisamos de dois pilotos com resultados ruins e fazer nosso papel. Então é fazer nossa parte", diz.

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Julio tentará fazer sua parte com muito do estilo de pilotagem do irmão. Marco foi seu orientador e mecânico no início no kart. Foi, também, a motivação para não parar de correr. "Na semana seguinte ao enterro, eu estava alinhando em um grid de largada. Não seria justo comigo e nem com a vontade do Marco, que esteja onde estiver, não gostaria que eu parasse", diz.

Também foi a única maneira de convencer a mãe, Márcia, a deixá-lo seguir nas pistas. "Minha mãe, se pudesse, me tiraria do automobilismo. Para ela, não existe como o esporte trazer alegria para a vida dela, pois ela nunca vai suprir a perda que sofreu", revela. "Só uma família que passa por uma situação dessas entende o baque sofrido."

Um baque nunca totalmente superado, mas que permite a criação de novos ciclos. Julio manteve o seu. E, embora prefira que não, sabe que o nome e o sangue podem fazer outro começar na família com a chegada do filho, em dezembro.

"Se Deus quiser, ele não vai querer saber de corridas. Se ele quiser correr, fazer o quê? Vamos botar para correr", diz.

Pole

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Rubens Barrichello cravou ontem, em Curitiba, a pole da etapa final da temporada. O piloto da equipe Full Time cronometrou o tempo de 1min18s695 para se garantir na primeira posição do grid da prova, às 10h30, em disputa que terá pontuação dobrada para definir o campeão de 2014. Julio Campos largará em 12º.