Com uma manobra financeira que envolve um patrocinador e duas estatais, o governo estadual criou uma solução que assegurou, no fim da tarde de ontem, a continuidade de parte dos projetos do Centro de Excelência em Ginástica (Cegin), em Curitiba. As 27 ginastas do programa de alto rendimento, que corriam o risco de ficar sem os técnicos estrangeiros entre eles, os ucranianos Oleg Ostapenko, sua esposa Nadiia e Irina Ilyaschenko , sem apoio escolar, seguro saúde e alimentação a partir de dezembro, agora, seguirão treinando normalmente. Com o dinheirro é curto, porém, 220 meninas do projeto de formação de novas ginastas serão dispensadas a partir do dia 31 de outubro.
"O que nos salvou foi a Renault", diz a presidente da Federação Paranaense de Ginástica (FPRG), Vicélia Florenzano. Salvamento parcial para o Centro, que seguirá vivendo um "plano de emergência", como a dirigente define. Nesse plano, o projeto do alto rendimento será bancado, até fevereiro de 2014, com parte do patrocínio de R$ 1 milhão firmado com a montadora. "Já usamos parte do valor para reformar o telhado e fazer o sistema de calefação. Outra parte, foi para pagar rescisões de professores que tivemos de demitir. Sobrou uns R$ 380 mil. No total, serão R$ 690 mil desviados para o administrativo, nos dando uma sobrevida", explica.
Verbas de marketing da Copel e da Sanepar irão cobrir esse valor no início de 2014, para que o restante das reformas, que incluem sauna e estruturas de recuperação física das ginastas, sejam feitos.
Essa manobra garante a permanência dos técnicos estrangeiros e o treinamento do alto rendimento nos próximos meses, mas não do projeto de desenvolvimento do esporte, que deve ser retomado em 2014. "Temos um projeto aprovado para captar verba para voltar com as escolinhas, mas só teremos apoiadores a partir do ano que vem, quando os empresários terão orçamento disponível para patrocínio", diz o coordenadora do Centro de Excelência, Eliane Martins.
A crise financeira do Cegin foi gerada pela não renovação do contrato com a LiveWright, entidade privada formada com a intenção de fomentar o esporte olímpico no Brasil e que gerenciava parte das finanças do Centro de Excelência captadas via Lei de Incentivo ao Esporte Federal. O vínculo entre as duas entidades vai até o próximo dia 30.
"Hoje [ontem] o governador nos deu a autorização de garantir que Copel e Sanepar vão repor esse dinheiro. A partir de fevereiro, tanto a Copel quanto a Sanepar seguem apoiando a federação, não mais por verba de marketing, mas por lei de incentivo", explicou o secretário estadual do Esporte, Evandro Rogério Roman.
Enquanto Vicélia recebia essa notícia dentro do ginásio do Cegin, por telefone, do lado de fora os pais das meninas das escolinhas deparavam-se com um cartaz anunciando que, a partir do dia 31, as aulas estarão suspensas. "Imagino que seja por falta de dinheiro. Mas ninguém veio aqui fora explicar para a gente", lamenta a professora Maria Lucia Vieira, mãe de Letícia Maria Vieira, 8 anos, uma das 220 meninas que ficarão sem as aulas.