A temporada de futebol americano começa nesta quinta-feira (10), às 21h30 (de Brasília, com transmissão da ESPN Internacional), com o confronto entre o atual campeão, New England Patriots, e o Pittsburgh Steelers. E já não são necessários gráficos para explicar o esporte da bola oval ao público brasileiro. Tanto é verdade que a bilionária NFL, liga que tem oito de suas franquias entre as 20 equipes esportivas mais valiosas do mundo, segundo a Forbes, está prestes a fincar seus pés por aqui. O Maracanã já recebeu três visitas técnicas e pode abrigar um jogo em 2017.
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Leia a matéria completa“Visitamos o Maracanã com três diferentes grupos. Inicialmente, só para conhecer o estádio. Depois, mandamos um grupo de tecnologia e, há um mês, pessoas do nosso grupo de segurança”, explica, Mark Waller, executivo da NFL que comanda as ações internacionais da liga. “O estádio é fantástico. Eu fui para alguns jogos da Copa do Mundo como parte do trabalho. É obviamente um estádio de nível mundial”, avalia.
A partida em questão provavelmente seria o Pro Bowl, o jogo das estrelas que antecede em uma semana o Super Bowl, a grande final da competição. Como no ano que vem será no Havaí, o Rio é candidato a partir de 2017, quando a partida deve ocorrer no fim de janeiro. Para evitar o calor e também encaixar na grade de horário televisiva dos EUA, o mais provável é uma partida noturna.
“É um sonho. Em novembro, estive em Londres para promover o jogo do Kansas em Wembley. Dei uns chutes por lá, e só pensava no Maracanã”, conta o paulista Cairo Santos, de 23 anos, kicker do Kansas City Chiefs e único brasileiro na liga. “Meu sonho era ser camisa 10 do Flamengo, mas quis o destino que eu fosse o 5 do Chiefs, o que me orgulha muito. Como fã, sonho em jogar uma partida da NFL no Brasil, se possível, no Maracanã”.
A chegada ao Brasil reflete bem o nível de profissionalismo da liga mais rica do mundo. Com 68 mil ingressos vendidos por partida, a liga tem a maior média de público entre campeonatos esportivos no mundo. Segundo colocado, o Campeonato Alemão não ultrapassa os 44 mil torcedores por jogo. Os números de bilheteria de um possível jogo no Maracanã estão longe de serem a principal preocupação da NFL.
“Tenho certeza que nós podemos ir para o Maracanã e vender todos os ingressos. Este não é o desafio. O desafio é ter certeza que as pessoas terão uma experiência fantástica e que 60 mil, 70 mil ou 80 mil pessoas poderão conhecer a NFL melhor”, diz Waller.
Muito além dos torcedores presentes, o objetivo é atrair o interesse de parte dos 200 milhões de brasileiros. Após fazer pesquisas de mercado no país, a liga decidiu colocar o Brasil e a Alemanha como prioridades internacionais em 2015. Antes, apenas Canadá, México, Inglaterra e China faziam parte dos mercados-alvo.
Destes seis países, só o Brasil ainda não recebeu jogos. Espanha, Irlanda e Austrália também já sediaram partidas. “Metade das pessoas pesquisadas no Brasil estava ao menos um pouco interessada no esporte. Muito interessados estavam 12%, e 4% disseram que é o esporte favorito”, garantiu Waller, que descarta o impacto da crise econômica vivida no país. “A economia vai bem e vai mal, sobe e desce. Se você quiser estar em um ambiente global, sua decisão será baseada nos riscos que quer assumir. Não acho que este momento da economia deva interromper nossos planos”.
Enquanto ensaia sua chegada ao Brasil, a NFL convive com questionamentos. O maior deles talvez seja com relação à saúde dos atletas. No fim do ano, Will Smith estrelará o filme “Concussion” (Concussão, em tradução livre), que promete aumentar o debate sobre os danos cerebrais aos quais estão expostos os atletas de futebol americano. Antes mesmo do lançamento, o filme já é considerado um possível candidato ao Oscar.
Sobram críticas também para Tom Brady, liberado pela Justiça para jogar depois de ter sido suspenso por quatro jogos. O marido de Gisele Bündchen foi punido por não colaborar nas investigações sobre as polêmicas bolas que teriam sido propositalmente esvaziadas antes da partida contra o Indianapolis Colts, nos playoffs da temporada passada. O jogo foi vencido pelo Patriots por 45 a 7 e deu a vaga no Super Bowl, em que se sagrou campeão pela quarta vez.
Apesar da mancha, o time é favorito a conquistar mais um título. “O Patriots é o time a ser batido por ser o atual campeão e sempre manter a base”, avaliou Cairo Santos, que tem seus objetivos. “Quero melhorar meus números em relação ao que tive na temporada de estreia (2014). Quero ser o melhor kicker da liga, treinei bastante para isso. Além, é claro, da vaga e do título”.
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